Repercutiu mal entre os membros do Conselho de Ética da Câmara a substituição do deputado Fausto Pinato (PP-SP) pela deputada Tia Eron (PRB-BA). Os conselheiros avaliam que mudanças no colegiado durante o processo disciplinar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), causam desconforto e insegurança.
A cúpula do conselho diz que, caso haja tentativa de enterrar o processo no colegiado, haverá recurso direto ao plenário. O presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), avisou que, ganhando ou perdendo, o processo vai ao plenário.
Araújo acredita que a troca de membros titulares aconteceu porque o PRB forçou a saída de Pinato e que "não foi à toa" a escolha de Tia Eron. O parlamentar acredita que a deputada deve favorecer o peemedebista no processo. "Quero ver quem tem coragem de arquivar o processo neste conselho", declarou. Tia Eron ainda não se apresentou aos colegas de conselho.
O relator Marcos Rogério (DEM-RO) disse não ter ainda informação se Tia Eron é aliada ou não de Cunha, mas deixou claro sua insatisfação. "Qualquer mudança neste momento representa no mínimo uma insegurança", comentou. A palavra final do processo, ressaltou Rogério, será do plenário. "O plenário é soberano", enfatizou.
[SAIBAMAIS]Com Pinato no colegiado, o grupo contrário a Cunha tinha 11 dos 21 votos, mas agora o peemedebista pode ter conseguido mudar a tendência do grupo. Rogério disse que qualquer tentativa de mudança de resultado é "antiética e imoral".
O conselho se reúne na manhã desta quinta-feira, 14, em reunião administrativa. O relator informou que ouvirá as testemunhas da acusação até o dia 26. Já manifestaram interesse em colaborar com o colegiado o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, e o ex-dirigente da BR Distribuidora João Augusto Henriques.
As testemunhas devem ser ouvidas nos dias 25 e 26 deste mês. A partir do dia 27, o relator se dedicará à oitiva das testemunhas de defesa. O prazo para conclusão dos trabalhos está previsto para o dia 19 de maio.