O ministro Jaques Wagner, da chefia de Gabinete da presidente Dilma Rousseff, disse nesta segunda-feira, 11, que o vice-presidente Michel Temer, ao gravar um áudio para os parlamentares, como se o processo de impeachment tivesse sido aprovado na Câmara dos Deputados, deixa clara a "marca de patrocinador do golpe". Segundo Jaques Wagner, o áudio "foi um desrespeito aos parlamentares que ainda não votaram nem o relatório da Comissão de Impeachment".
A fala de Temer causou surpresa no Planalto, mas a avaliação geral foi de que o vazamento do áudio em que Temer diz estar preparado para assumir a Presidência, antes mesmo da votação do processo de impeachment na Câmara, foi bom para Dilma. De acordo com interlocutores da presidente, isto "escancara que há uma conspiração para tirá-la do cargo", reforçando a ideia de que tudo não passa de um "golpe".
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Assessores da presidente Dilma acham ainda que o vazamento "foi um tiro no pé" do próprio Temer e de seus aliados porque faz "cair a máscara" de como ele age, conspirando o tempo todo contra o governo. Prova ainda as afirmações que vinham sendo feitas de que ele estava tramando contra a presidente Dilma, desde o início. Apesar disso, no Planalto, auxiliares de Dilma acreditam que não houve vazamento, mas sim a divulgação intencional do que Temer pensa e o que quer fazer.
Em seu Twitter, Jaques Wagner afirma que o governo ainda está trabalhando tanto na Comissão Especial quanto no plenário "para deter a marcha do golpe". O governo avalia que melhoraram as condições para a presidente Dilma nas últimas horas. Na sexta-feira, 8, a avaliação era de que o quadro tinha piorado e que os votos estavam na casa dos 180 votos. Nesta segunda, a conta era de 200 votos, pela manhã, e agora já chega a 208. Em seu Twitter, Jaques Wagner diz que "a disputa final acontecerá no domingo, dia em que sairemos vitoriosos com mais de 200 votos contrários ao impeachment de @dilmabr". Wagner lembra que "a votação de hoje é só a primeira etapa da batalha".
Comissão
Para esta segunda, o governo diz que "os ventos melhoraram", embora reconheça que é difícil vencer na comissão. Uma das planilhas governistas, no entanto, estaria apontando para o empate na comissão, deixando para o presidente deputado Rogério Rosso (PSD-DF) o "voto minerva" de desempate. Embora muitos aleguem que Rosso está ao lado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Planalto, há um entendimento que a pressão do ministros das Cidades, Gilberto Kassab, do mesmo partido dele, o PSD, teria uma influência. De acordo com Wagner, "mesmo que eles ganhem, será por uma margem apertada, será a vitória do time que precisava fazer sete gols e fez dois".
Já o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que está "estupefato" com o áudio de Temer e admitiu que está disputando uma eleição indireta. "Ele está confundindo a apuração de eventual crime de responsabilidade da presidente Dilma com eleição indireta", completou.