A 27; fase da Operação Lava-Jato, deflagrada ontem para aprofundar apuração sobre um empréstimo do Banco Schahin considerado forjado para o Partido dos Trabalhadores, ligou os desvios da Petrobras não só com o mensalão, mas também com casos de corrupção na Prefeitura de Santo André, cidade que foi administrada por Celso Daniel, cujo assassinato até hoje rende polêmica (veja na página 3). As apurações atingem indiretamente o ex-presidente Lula e reforçam a existência de uma operação-abafa no PT.
Foram presos o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, o Silvinho, e o empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC e da empresa de transporte Expresso Santo André. Os federais ainda levaram o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenado por corrupção ativa no mensalão, e o jornalista Breno Altman, ligado a José Dirceu, para prestarem depoimento em condução coercitiva. Ontem, Ronan e Altman negaram as acusações. Não foram localizados os defensores de Delúbio e Silvinho. O escritório que defendia Delúbio no mensalão disse que não poderia comentar a Lava-Jato porque não fora contratado para esse caso.
Os investigadores encontraram provas bancárias que mostram o ;caminho do dinheiro; para confirmar depoimentos prestados pelo pecuarista José Carlos Bumlai, por dois banqueiros do Schahin e pelo publicitário Marcos Valério, condenado a 38 de prisão no mensalão. Todos afirmam que um empréstimo do banco, de R$ 12 milhões, foi feito em 2004 para o PT em nome do pecuarista e que parte dele, quase R$ 6 milhões, chegou aos bolsos de Ronan Maria Pinto a pedido do partido. O motivo desse repasse, que foi compensado por um contrato da Petrobras de US$ 1,5 bilhão anos depois, é a grande dúvida na cabeça dos investigadores.
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Segundo o banqueiro Salim Schahin, que fechou acordo de delação, Delúbio disse que o PT tinha interesse no empréstimo e que a Casa Civil, à época chefiada por José Dirceu, procuraria o banqueiro. Dias depois, o empresário afirma ter recebido telefonema de Dirceu. Só falaram amenidades, ;mas a mensagem estava entendida;, narrou o delator. Dirceu foi condenado no processo do mensalão, em novembro de 2012, a 10 anos e 10 meses de prisão, que, com recursos dos advogados, foi diminuída para 7 anos e 11 meses.
O envolvimento de Bumlai, amigo de Lula, tem potencial para atingir o ex-presidente, da mesma maneira que a montagem do quebra-cabeça que comprovaria a existência de uma operação-abafa para não prejudicar a imagem de Lula e do PT.
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