Jornal Correio Braziliense

Politica

Nova fase da Operação Lava-Jato apura empréstimo forjado para o PT

Objetivo é aprofundar a investigação sobre a lavagem de R$ 6 milhões provenientes do Banco Schahin em benefício do Partido dos Trabalhadores

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (1;/4), a 27; fase da Operação Lava-Jato, apelidada de ;Carbono 14;. A apuração está voltada a aprofundar os indícios de lavagem de R$ 6 milhões provenientes do Banco Schahin em benefício do Partido dos Trabalhadores (PT), valores que, ao fim, foram pagos com recursos da Petrobras, de acordo com o Ministério Público. A PF prendeu o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira e o empresário Ronan Maria Pinto temporariamente, por cinco dias. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, condenado no mensalão, e o jornalista Breno Altman, foram conduzidos coercitivamente.



Nos dois mandados de condução coercitiva de hoje, de Delúbio e Altman, os investigados são isolados dos demais e levados de maneira forçada para prestarem depoimento, ocasião em que podem prestar esclarecimentos ou não. As ações acontecem no estado de São Paulo, na capital e nas cidades de Carapicuíba, Osasco e Santo André.

O nome da Operação, ;Carbono 14;, é uma referência aos métodos usados para datação de itens e a investigação de fatos antigos.

Transporte
Segundo a apuração do grupo de trabalho da PF e da força-tarefa do Ministério Público na Lava-Jato, evidências mostram que o PT influenciou o banco Schahin a liberar o empréstimo em nome de Bumlai. ;Para chegar ao destinatário final Ronan Maria Pinto, os investigados se utilizaram de diversos estratagemas para ocultar a proveniência ilícita dos valores e a identidade do destinatário final do dinheiro obtido na instituição financeira;, narra a Procuradoria da República no Paraná. ;Há provas que apontam para o fato de que a operacionalização do esquema se deu, inicialmente, por intermédio da transferência dos valores de Bumlai para o Frigorífico Bertin, que, por sua vez, repassou a quantia de aproximadamente R$ 6 milhões a um empresário do Rio de Janeiro envolvido no esquema.;

O empresário do Rio fez transferências para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus de Ronan, além de outras pessoas e empresas indicadas por ele. Uma dessas indicações foi o controlador jornal Diário do Grande ABC. O pagamento foi de R$ 210 mil em 9 de novembro de 2004. O jornal estava sendo vendido para Ronan justamente em parcelas desse valor. ;Suspeita-se que uma parte das ações foi adquirida com o dinheiro proveniente do Banco Schahin;, diz o Ministério Público.

A operação, conforme relatos do delator e sócio do banco Schahin, o empresário Salim Schahin, teve a participação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que foi levado por Bumlai a uma reunião antes de fechar o empréstimo. De acordo com a Procuradoria, ;outras pessoas possivelmente envolvidas na negociação para a concessão do empréstimo fraudulento pelo Banco Schahin também são alvo da operação realizada hoje;.