O PMDB sacramenta hoje, em reunião do diretório nacional, o desembarque do governo federal. Ontem mesmo o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, entregou a carta de exoneração. A decisão será por aclamação, para mostrar uma coesão interna rumo ao pós-Dilma Rousseff e para esconder do Planalto o tamanho do PMDB que ainda pode ser pressionado na batalha para se evitar o impeachment. Principal beneficiário, o vice-presidente Michel Temer sequer aparecerá na reunião, para não dar argumentos aos adversários de que é um ;conspirador contra a democracia;. Além de Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que concordou com a decisão por aclamação no encontro de hoje, não comparecerá.
O primeiro ministro a abandonar o barco foi o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Em carta entregue ontem à presidente Dilma, Henrique agradeceu à petista pela confiança e ;respeitosa relação; que tiveram por 11 meses, antes de explicar a razão da demissão. ;Pensei muito antes de fazê-lo, considerando as motivações e desafios que me impulsionaram a assumir o ministério. Mas o momento nacional coloca agora o PMDB diante do desafio maior de escolher o seu caminho;, afirma Henrique na carta. O peemedebista diz que o diálogo ;se exauriu;.
O posicionamento de alguns ministros ainda suscita dúvidas no PMDB. A principal incógnita é como se comportará a ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Amiga pessoal da presidente, ela tem sido muito pressionada pelos ruralistas a deixar o governo. Há pouco menos de um mês pensou seriamente nessa possibilidade, especialmente após a sinalização de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiria um cargo no Executivo Federal.
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