Jornal Correio Braziliense

Politica

Suíça informou que vai repatriar US$ 70 milhões aos cofres brasileiros

A devolução do dinheiro foi tratada nesta quinta-feira, 17, entre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o procurador suíço, Michael Lauber, em Berna

[SAIBAMAIS]Duas investigações instauradas pela Procuradoria foram assumidas pelas autoridades brasileiras e já resultaram em acusações no Brasil. O órgão planeja que o Brasil assuma outras investigações que foram abertas na Suíça.

Desde março de 2014, o país europeu já bloqueou US$ 800 milhões (R$ 2,9 bilhões) em ativos de mais de mil contas secretas relativas à corrupção envolvendo suspeitos investigados pela Lava Jato. No ano passado, o Ministério Público da Justiça da Suíça autorizou que fossem repatriados para o Brasil US$ 120 milhões.

As mais de mil contas em 40 bancos diferentes - entre eles HSBC, Royal Bank of Canada, Banque Cramer, Lombard Odier, Pictet, Julius Baer, UBS e o banco PKB - estão sendo examinadas pelos suíços, que não dão detalhes sobre os donos dos ativos. Segundo o MP local, os correntistas são "executivos da Petrobras, donos de empresas fornecedoras, intermediários financeiros e políticos brasileiros". Em sua grande parte, as contas estão em nome de empresas criadas na Suíça.

A devolução do dinheiro foi tratada nesta quinta-feira, 17, entre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o procurador suíço, Michael Lauber, em Berna.

Desde março do ano passado, os suíços ampliaram as investigações para abarcar também a Odebrecht, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o marqueteiro João Santana e dezenas de outros suspeitos. A Odebrecht contratou advogados na Europa para tentar frear a transmissão de dados para o Brasil.

Os suíços ainda abriram investigações contra três bancos locais por não terem implementado medidas suficientes de controle ao abrir contas envolvendo suspeitos. Esses bancos podem ser acusados por colaborar com lavagem de dinheiro.

História

O congelamento de contas no âmbito da Lava Jato é um dos maiores da história da Suíça, superado apenas por casos como o do ex-ditador da Nigéria Sani Abacha ou do ex-ditador egípcio Hosni Mubarak. Parte da preocupação da Suíça com essa operação tem a ver com a própria imagem do país, diante da constatação de que foi amplamente usado para lavagem de dinheiro.