Primeira entrevistada do programa Palavras Cruzadas, da TV Brasil, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que as manifestações que vêm ocorrendo no país são reflexo do evolução da cidadania brasileira. ;Eu acho que todas as vezes que o cidadão vai às ruas e se manifesta, ele quer revelar exatamente o que pensa;, disse a ministra, futura presidenta do TSE para o biênio 2012/2014, eleita no último dia 6. Cármen Lúcia toma posse na última semana de abril e será a primeira mulher a liderar a corte eleitoral, assumindo no lugar de Ricardo Lewandowski.
Questionada sobre o protagonismo do Judiciário nos últimos meses, a ministra afirmou que o protagonismo é, na verdade, dos cidadãos. ;O Judiciário decide, mas é provocado pelo cidadão."
Cármen Lúcia disse que as manifestações contra os diversos atores políticos fazem parte da insatisfação popular, e que o povo brasileiro tem a tendência a ;personificar;. Quanto aos elogios ao juiz Sérgio Moro, que comanda os processos da Operação Lava Jato, a ministra disse acreditar que são decorrentes de um trabalho que está sendo feito pelo juiz.
[SAIBAMAIS]De acordo com ela, independentemente da instância, todos os juízes exercem suas funções estritamente vinculados à lei. Cármen Lúcia afirmou que confia no Poder Judiciário e que o Brasil, apesar de ainda ter que avançar em diversos sentidos, tem também pontos positivos a comemorar.
;No Brasil, o juiz tem que fundamentar a decisão. Há de se reconhecer que somos um poder estruturado, levando em consideração a demanda do povo brasileiro.;
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;O Brasil engole um elefante e engasga com uma formiga;, afirmou a ministra, destacando que o país não consegue resolver alguns problemas básicos e, no entanto, é capaz de fazer, por exemplo, eleições com meio milhão de candidatos e dar o resultado duas horas após o encerramento.
Para a ministra, a política é "uma grande conquista da humanidade" e, apesar de o país já ter avançado muito, ainda há muito a ser feito. Em relação a um possível tráfico de influência de políticos sobre ministros do STF, a ministra disse que o crime não pode vencer a Justiça.
;É inaceitável. Estou há dez anos no Supremo e nunca ninguém veio falar comigo nada. Não se chega a ninguém com nenhuma proposta indecorosa. Quem faz esse tipo de colocação, é preciso que venha comprovar o que está fazendo e porque está fazendo. Não é isso que acontece;, afirmou, defendendo a lisura da instituição.
O Palavras Cruzadas estreou ontem (16) e vai ao ar todas as quartas-feiras, às 22h, na TV Brasil. Apresentado pelos jornalistas Paulo Markun e Tereza Cruvinel, o programa contou, nessa edição, com a participação do diretor da revista eletrônica Consultor Jurídico, Márcio Chaer; da colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo; e do diretor da sucursal de O Estado de S. Paulo, em Brasília, Marcelo Moraes.