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Politica

Rui Falcão diz que é um absurdo divulgar conversa entre Lula e Dilma

Durante o ato, as 672 cadeiras do Tuca estavam ocupadas e algumas pessoas sentaram no chão para acompanhar as falas de juristas, professores e intelectuais

O presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, disse que considera um ;absurdo; a divulgação da conversa entre a presidenta Dilma Roussef e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O juiz Sérgio Moro, que julga os processos da Operação Lava Jato em primeira instância, divulgou hoje (16) conversas gravadas de Lula.

[SAIBAMAIS]A declaração de Rui Falcão ocorreu no Ato pela Legalidade Democrática, que reuniu pessoas a favor do governo no Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Tuca), na noite de hoje. Ele comparou o evento às manifestações da campanha das Diretas Já e à luta pela anistia.

;Hoje nós estamos vivendo uma espécie de estado de exceção dentro do Estado Democrático de Direito e a maior prova é hoje: acabam de revelar, em um vazamento autorizado pelo juiz Moro, um grampo telefônico de uma conversa da presidenta da República com o ministro-chefe da Casa Civil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva;, disse Rui Falcão. Segundo ele, o ato vem em defesa da democracia, contra o golpe e contra violações à Constituição.

Durante o ato, as 672 cadeiras do Tuca estavam ocupadas e algumas pessoas sentaram no chão para acompanhar as falas de juristas, professores e intelectuais. Do lado de fora, na porta do teatro, dezenas de pessoas assistiam a reprodução do evento em um telão. Entre os depoimentos, os presentes gritavam ;não vai ter golpe;.
Semelhanças com 1964
O jurista Fábio Konder Comparato discursou no ato, comparando a situação atual ao que precedeu a ditadura militar no país. ;Estamos sofrendo uma doença muito grave, semelhante àquela que acometeu o país em 1964. Diante de uma doença, é preciso superar a análise dos sintomas e verificar as causas;.

Segundo Comparato, existem duas causas imediatas para a crise atual. A primeira seria econômica. ;A situação econômica do Brasil é periclitante e não é por causa do governo brasileiro e sim por um reflexo da crise mundial;, avaliou. De acordo com o jurista, a segunda maior economia do mundo, a China, no ano passado teve o menor crescimento dos últimos 25 anos.

Outra questão que abrange a economia seria a transformação do capitalismo industrial em capitalismo financeiro. ;Nós todos sabemos que um banco não produz riqueza alguma. No máximo ele pode ajudar a produzir riqueza, mas não é o que está acontecendo agora. Os bancos ganham rios de dinheiro com especulações financeiras;, disse Comparato.

A segunda causa imediata é política, disse o jurista. ;É preciso entender que em um país que teve quase quatro séculos de escravidão legal, o desprezo pelos pobres, sobretudo pelos pobres negros, dificilmente acabará;, disse ao avaliar que Lula, que veio da classe proletária e assumiu a chefia do Estado, sofre preconceito de parte da população.

Solução
A solução para a crise trata-se de um trabalho a longo prazo, na opinião do jurista. ;É preciso unir o máximo de forças sociais, movimentos sociais, sindicatos, grupos intelectuais e religiosos no combate contra o capitalismo;. Um dos objetivos, segundo Comparato, é tornar o povo soberano sobre o próprio país e que não se submetam à dominação das classes oligárquicas. ;Nesse país, não é o povo soberano, como diz a Constituição, soberanos são os potentados econômicos privados, intimamente ligados com agentes estatais;.

Comparato ressalta a importância dos meios de comunicação para promover a educação política da sociedade. Desse modo, o povo estaria preparado para ;o exercício futuro do poder político;. ;Em uma sociedade de massas, isso só se faz pelos meios de comunicação de massa;. Ele lamentou, porém, que esses meios de comunicação de massa, no Brasil, estejam submetidos a um oligopólio empresarial.

Estavam presentes no ato o jornalista Fernando Morais, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, o ex-ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser Pereira, e o advogado Celso Antônio Bandeira de Mello.