A convenção nacional do PMDB aprovou no início da tarde deste sábado uma moção que impede que membros do partido assumam novos cargos no governo da presidente Dilma Rousseff nos próximos 30 dias, prazo dentro do qual a cúpula do partido deve se reunir para definir a possível ruptura com a gestão da petista.
A deliberação, segundo dirigentes do partido, passa a valer a partir de hoje e tem validade até que o diretório se reúna para tomar uma decisão definitiva. Isso impede, na prática, que o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) assuma na próxima semana a Secretaria de Aviação Civil (SAC). O ministério foi oferecido pelo Planalto à bancada mineira do PMDB da Câmara em troca de apoio à recondução de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança do partido na Casa. A expectativa era que a entrega fosse oficializada na próxima semana. Com a deliberação da convenção, no entanto, os planos de Mauro Lopes devem ficar frustrados.
Inicialmente, o ex-ministro da Pasta Eliseu Padilha (RS) anunciou Lopes como "futuro ministro" e chegou a dizer na convenção que todas as moções deveriam ser aprovadas nos próximos 30 dias, mas lideranças do PMDB confirmam nos bastidores que o impedimento para assumir novos cargos vale desde já.
[SAIBAMAIS]
O vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, entrou em contato com o diretório mineiro do PMDB para acordar a validade imediata da restrição. O ex-ministro Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao PMDB, confirmou o veto a Mauro Lopes.
"Enquanto corre o prazo, nesse período, por precaução, por afirmação, a convenção aprovou uma outra moção, de que nenhum companheiro pode assumir um cargo no governo até o diretório nacional tomar a posição definitiva. É importante que se intente que a posição definitiva a ser tomada pelo diretório será cumprida, o que significa que, se votar o diretório pelo rompimento com o governo, os companheiros que têm cargos no governo vão ter que deixar esses cargos. Se não, terão que sair do PMDB."
Moreira Franco disse que a decisão "não é contra" Mauro Lopes, mas confirmou que ele não poderá assumir a SAC, como era previsto. Procurado, Mauro Lopes não atendeu as ligações da reportagem.