Jornal Correio Braziliense

Politica

Aliada histórica de Lula é alvo da Operação Lava-Jato

O juiz Sérgio Moro acredita que Clara Levin Ant tem acesso a documentos relevantes à investigação



Para a força-tarefa, Clara Ant "é um dos contatos do Instituto Lula com pessoas investigadas na Operação Lava Jato". Ao todo, dos R$ 35 milhões recebidos pelo órgão entre 2011 e 2014, R$ 20 milhões (60%) foram pagos por cinco empresas acusadas de corrupção na Petrobras: Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez.

"Na agenda de contatos telefônicos de Leo Pinheiro, presidente do Grupo OAS preso na 7; fase da Operação Lava Jato (batizada de Juízo Final), há a identificação do terminal telefônico utilizado pela representada, o que por si deixa claro que Clara Ant é um dos contatos do Instituto Lula com pessoas investigadas na Operação Lava Jato", informa pedido de busca na casa da secretaria e no instituto.

Foram autorizados pelo juiz Sérgio Moro a análises de pelo menos dois endereços de e-mails em nome de Clara Ant e outros usados por funcionários do Instituto Lula. O objetivo é identificar trocas de mensagens sobre as contratações de palestras feitas pelo ex-presidente. A suspeita é que algumas delas possam ter servido para ocultar propina de empreiteiras.

A Nemala, empresa de Clara Ant, era usada para receber seus pagamentos do Instituto. A firma recebeu R$ 292,4 mil do Instituto Lula em 2014. "Além disso, a representada atualmente exerce o cargo de diretora do Instituto Lula, tendo inclusive auferido valores da entidade: cerca de R$ 160 mil anuais, de 2011 a 2013", informam os procuradores.

"Em virtude de todo o contexto exposto, impende realizar a medida cautelar de busca e apreensão na residência da representada, e na sede da empresa com a qual ela possui vínculo administrativo e/ou societário."

Clara Ant também atuou na eleição da presidente Dilma Rousseff, em 2010, no Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República do PT.

O Instituto Lula, por meio de nota divulgada na sexta-feira, 4, negou irregularidades nos recebimentos de palestras pelo ex-presidente, via empresa LILS, e no financiamento do instituto Clara Ant não foi localizada para comentar as investigações.