Jornal Correio Braziliense

Politica

Dezenas de apoiadores fazem vigília em frente ao apartamento de Lula

Uma manifestação de apoio ao ex-presidente foi convocada para a próxima terça-feira



Manobra questionada
Ainda não há acusações formais contra Lula. Os procuradores dizem que há indícios de enriquecimento ilícito e tráfico de influência no âmbito da Operação Lava Jato, que tenta desvendar o esquema de corrupção na Petrobras, mas esclarecem que esta fase é investigativa. A transferência forçada do ex-presidente à Polícia Federal em São Paulo para depor sem intimação prévia foi questionada por juristas e inclusive por um ministro do Supremo Tribunal Federal. "Não se pode obrigar alguém a prestar depoimento quando não está obrigado a fazê-lo. É o caso de Lula, que já prestou depoimento espontaneamente no âmbito deste caso", disse à AFP Thiago Bottino, especialista em direito penal da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O juiz Sergio Moro, a cargo da investigação da fraude da Petrobras que custou à estatal 2 bilhões de dólares, afirma que tomou a decisão de surpreender Lula ao amanhecer em sua casa para evitar tumultos entre manifestantes governistas e da oposição. Michel Mollahem, professor de direito da FGV, estima que esta pressa pode terminar beneficiando o ex-presidente, que assumiu a presidência em 2003 e deixou o poder oito anos depois com 80% de aprovação.

As ações policiais "podem afetá-lo negativamente ou criar uma narrativa heroica de Lula, tudo depende da habilidade dos investigadores de comprovar as suspeitas com provas", disse Mohallem. "O discurso de Lula foi muito forte, tirou o que é de mais autêntico dele, houve uma reação grande ao seu favor nas redes sociais, e talvez tenha reforçado o discurso de mártir, de vítima que vem usando", acrescentou.