O presidente do PT do Rio de Janeiro, Washington Quaquá, afirmou nesta quinta-feira (25/2) que não faz questão da presença da presidente Dilma Rousseff na festa de 36 anos do partido, que serão comemorados neste sábado (27/2) com show do sambista Diogo Nogueira e da bateria da Portela, na zona portuária do Rio.
Mais cedo, rumores apontavam que Dilma queria cancelar sua participação na festa. Ministros do PT, porém, ainda estariam tentando convencê-la a mudar de ideia. A decisão de Dilma teria ocorrido após ela ser informada de que a ofensiva do PT contra o ajuste fiscal será ampliada neste fim de semana.
A versão oficial é de que Dilma estará no Chile para um encontro com a presidente Michelle Bachelet e, com a agenda apertada, há risco de não conseguir chegar a tempo do ato político. Na prática, porém, ela estaria cada vez mais irritada com os ataques do PT ao governo e já teria percebido que o partido subirá o tom das cobranças na reunião do Diretório Nacional, marcada para esta sexta-feira (26/2).
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Quaquá integra o grupo de petistas que não aceitam a política econômica do governo. A insatisfação foi agravada com a aprovação, na noite de quarta-feira (24/2) do projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que desobriga a Petrobras de ser operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração da camada do pré-sal.
Pouco antes da votação, o governo negociou com o relator do projeto, Romero Jucá (PMDB-RR), que a Petrobras tenha pelo menos o direito de preferência em futuras licitações.
Questionado sobre a possibilidade de Dilma não ir à festa, por estar contrariada com a reação do PT contra o ajuste fiscal, Quaquá respondeu: "Eu não faria questão da presença dela, mas falo em meu nome, não do partido".
Quaquá defendeu que o PT deixe claras as divergências com as medidas defendidas pelo governo, como a reforma da Previdência. "Quem está contrariado com ela (Dilma) somos nós, por causa do pré-sal. O acordo com o PSDB ontem vai consolidando o movimento que está jogando fora a política econômica do (ex) presidente Lula. O governo está se distanciando muito no nosso projeto. O PT tem que pressionar de maneira mais dura", disse o dirigente petista, também prefeito de Maricá, no litoral fluminense.
Nesta sexta-feira (26/2), o Diretório Nacional do PT se reúne no Rio e deverá aprovar um documento com críticas à política econômica. No dia seguinte, a festa de aniversário acontecerá no espaço batizado Armazém da Utopia, onde serão esperadas 3 mil pessoas.
O PT não informou os gastos com a festa. A assessoria de Diogo Nogueira também não informou o cachê do artista. Disse que é um contrato profissional "como qualquer outro" e que o sambista não tem vínculo com o partido.
No carnaval do ano passado, a prefeitura do Rio pagou R$ 95 mil pela apresentação de Diogo e sua banda no Terreirão do Samba. No réveillon de 2013, quando os artistas cobram cachês bem mais altos, o show de Diogo na Praia de Copacabana custou à prefeitura R$ 250 mil.
A bateria da Portela foi contratada pelo PT por R$ 7 mil, segundo a assessoria da escola de samba. A apresentação terá 12 ritmistas, um mestre de bateria, um cantor, quatro passistas, casal de mestre-sala e porta-bandeira e um diretor responsável pela organização.
Na reunião do Diretório Nacional e na festa petista, ocorrerão atos de desagravo ao ex-presidente Lula, investigado por força-tarefa da Operação Lava Jato, por suspeita de ser proprietário oculto do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), onde empreiteiras com contratos com a União fizeram obras de benfeitorias.
O presidente do PT-RJ reclamou do fato de a Polícia Federal não ter até agora aberto inquérito para investigar suspeita de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, tenha recorrido a uma empresa privada para mandar dinheiro para o exterior à jornalista Mirian Dutra, com quem manteve um relacionamento nos anos 1990.
Mirian disse ao jornal Folha de S.Paulo que Fernando Henrique usou a empresa Brasif S.A. para enviar recursos a ela. O ex-presidente tucano negou ter qualquer relação com contrato de prestação de serviço assinado entre a jornalista e a empresa.
"Vamos prestigiar o Lula. É preconceito achar que pobre não pode ascender socialmente. Para nossos adversários, os petistas não podem pegar o elevador social", afirmou Quaquá.
A relação entre Dilma e o PT vai de mal a pior. Apesar do convite da cúpula petista, ela não quis gravar nenhum depoimento para o programa de TV do partido, que foi ao ar na terça-feira e provocou panelaços em todo o País.