A Polícia Federal cumpre, nesta quinta-feira (25/2), a 6; fase da Operação Zelotes, com alvo na empresa Gerdau. A empresa é suspeita de tentar sonegar R$ 1,5 bilhão. Estão sendo cumpridos 22 mandados de condução coercitiva e 18 de busca e apreensão em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Brasília. No Distrito Federal, um dos alvos foi a sede da siderúrgica, localizada no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). A 10; Vara Federal de Brasília ainda ordenou duas oitivas a serem realizadas no Complexo Penitenciário da Papuda, na capital, com dois lobistas.
Dois executivos da Gerdau são alvo de condução coercitiva. A família de André Gerdau disse que ele se apresentará à PF em São Paulo para prestar o depoimento. No ano passado, o jornal Valor Econômico noticiou que o executivo era um dos cotados para suceder o pai na presidência da empresa. Jorge Gerdau não está entre os alvos da Zelotes. Em Brasília, são nove conduções coercitivas de advogados e conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e quatro mandados de busca e apreensão.
De acordo com as investigações, a Gerdau contratou escritórios advocacia para defender-se de ações no Carf. Esses escritórios subcontraram outros advogados e consultores. Dali, o dinheiro seguiu para conselheiros do Carf. Investigadores ouvidos pelo jornal sustentam que há provas documentais que ligam a siderúrgica também aos escritórios que fizeram o pagamento de propinas.
A delegada Fernanda Costa, que conduz o inquérito sobre a Gerdau, afirmou hoje que as buscas serviram para "delimitar" e dar o "arremate final" na investigação dos crimes apurados e nas pessoas que os teriam cometido. Segundo ela, as buscas foram feitas porque havia indícios de que os crimes continuaram a ser feitos mesmo depois de março de 2015, quando a Zelotes se tornou pública.
Depoimentos na Papuda
Na Papuda, os policiais obtiveram autorização judicial para tomar depoimento de dois lobistas presos na Zelotes. O consultor José Alexandre Paes Santos, o APS, e o ex-integrante do Carf José Ricardo Silva serão ouvidos na penitenciária.
[SAIBAMAIS]Segundo a PF, a estimativa é que a Gerdau tenha tentado sonegar até R$ 1,5 bilhão. A Zelotes, deflagrada pela primeira vez no ano passado, constatou que uma associação criminosa corrompia integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) do Ministério da Fazenda para ;manipular e influenciar; decisões favoráveis às empresas. Com isso, as corporações se livravam de autos de infração e multas aplicadas pela Receita Federal.
Para os investigadores, a Gerdau e outros suspeitos de participar do esquema demonstrou ;continuidade da prática dos crimes de advocacia administrativa fazendária, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro por parte de uma estrutura criminosa complexa;, mesmo depois de a Zelotes ser deflagrada. Outros investigados são conselheiros e ex-conselheiros do Carf e advogados.
A Gerdau tem presença em 14 países e fechou contratos de consultoria com escritórios que, parra a PF, foram usados no esquema. Esses consultores, ;por meio de seus sócios, agiram de maneira ilícita, manipulando o andamento, distribuição e decisões do Carf, visando obter provimento de seus recursos e cancelamento da cobrança de tributos em seus processos;, de acordo com os agentes e delegados.
A Zelotes investiga um R$ 19 bilhões em créditos tributários em discussão no Carf. Desse valor, pelo menos R$ 6 bilhões foram desviado, apontaram as apurações preliminares. Além disso, a operação resultou em denúncia à 10; Vara Federal segundo a qual o grupo ;comprou; Medidas Provisórias para estender benefícios fiscais para a montadora de automóveis Mitsubishi. Em um inquérito, os policiais investigam se o empresário Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, participou do esquema.
Esclarecimentos
Em nota, a Gerdau informou que colabora com as investigações e que não participou de irregularidades. "Ressalte-se ainda que, com base em seus preceitos éticos, a Gerdau não concedeu qualquer autorização para que seu nome fosse utilizado em pretensas negociações ilegais, repelindo veementemente qualquer atitude que possa ter ocorrido com esse fim", disse a empresa em nota. "A Gerdau reitera, portanto, que possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos e reafirma que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos que vierem a ser solicitados."
Confira a íntegra da nota da Gerdau:
A Gerdau comunica que a Polícia Federal está, hoje pela manhã, em suas dependências em relação à Operação Zelotes. Esclarece que não tem mais informações até o momento, mas está colaborando integralmente com as investigações da Polícia Federal.
Ressalte-se ainda que, com base em seus preceitos éticos, a Gerdau não concedeu qualquer autorização para que seu nome fosse utilizado em pretensas negociações ilegais, repelindo veementemente qualquer atitude que possa ter ocorrido com esse fim.
A Gerdau reitera, portanto, que possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos e reafirma que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos que vierem a ser solicitados.