<div><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2016/02/16/517918/20160216082058320043o.jpg" alt="Trecho do depoimento de Renata Brito, que trabalha há 14 anos na Mossack Fonseca: diretores escolhidos previamente" /><br />O escritório Mossack Fonseca, investigado na Operação Lava-Jato, oferece o serviço de criação de firmas offshores para seus clientes usando um ;estoque; de pessoas jurídicas previamente constituídas. ;A Mossack Brasil possui algumas ;empresas de prateleira;;, disse a gerente administrativo do escritório brasileiro, Renata Pereira Brito, em depoimento à Polícia Federal, depois da 22; fase do caso, apelidada de ;Triplo X;. Segundo ela, o cliente poderia escolher os nomes que mais lhe interessassem. Diretores da firma já existiam, o que impediria reconhecer os verdadeiros donos das offshores criadas. Preço? US$ 2.500 mais uma taxa anual de US$ 1.877. Se fosse um escritório de advocacia, um cliente profissional, os custos baixavam para US$ 2 mil e US$ 1 mil, respectivamente. Havia ao menos seis principais bancas de advogados, a maioria de São Paulo, entre os clientes ;profissionais; da Mossack, segundo Renata.</div><div><br /></div><div>A Polícia Federal suspeita que a Mossack era uma ;fábrica de offshores;, para manter meios de se lavar dinheiro de investigados na Operação Lava-Jato ; ;travestida como escritório de advocacia, cuida de abrir empresas em paraísos fiscais e outras opções voltadas à ocultação de patrimônio;. A empresa se defende: enviou notas ao <strong>Correio </strong>em 5 de fevereiro, quando afirmou que a sede no Panamá é independente da brasileira e que todos os escritórios mantêm ;os mais altos padrões; de cumprimento das leis internacionais. Ontem, a firma não prestou esclarecimentos sobre o depoimento de Renata.</div><div><br /></div><div>De acordo com ela, não é verdade que a empresa sirva para fazer ;blindagem patrimonial;, mas apenas ;criação da estrutura empresarial no exterior;. Segundo Renata, que atua na firma há 14 anos, ao comprar uma ;empresa de prateleira;, o cliente opta por deixar nela os diretores estabelecidos anteriormente, que são funcionários da Mossack no Panamá. Ela disse que a empresa não abre contas bancárias, mas indica um banco, o FPB do Panamá.</div><div><br /></div><div>Para falar com o escritório, a instituição exigiu o uso de uma linha telefônica pela internet (voip), que dificulta grampos feitos pela Justiça. Renata afirmou que alguns clientes também exigiam só falar pelo aplicativo de voip Skype ;por receio;. A gerente confirmou que a chefe da Mossack no Brasil, Mercedez Quijano ; foragida da PF, está no Panamá ;, mandou que ela escondesse documentos do escritório em sua residência. A polícia apreendeu esses papéis nas ações da Triplo X.</div><div><br /></div><div><strong>Cooperação deficiente</strong></div><div>Procuradores do Ministério Público do Panamá pediram cópias de provas da Lava-Jato no Brasil, noticiou o jornal panamenho La Prensa. O Correio apurou que o pedido não chegou. Da mesma forma, os panamenhos não responderam ainda a um antigo pedido dos brasileiros para obter informações de empresas no país latino. No Brasil, os investigadores se queixam da dificuldade de cooperação com o país, considerado um paraíso fiscal.</div><div><br /></div><div>A Mossack diz em nota que atividade desenvolvida é igual à de outras empresas no mundo. De fato, os escritórios Posadas y Vecino, no Uruguai; Morgan & Morgan, no Panamá; e Citco, nos Estados Unidos, fazem a mesma coisa: abrem offshores. Mas já se viram envolvidos em denúncias de irregularidades, inclusive na Lava-Jato. A reportagem ouviu especialistas em lavagem de dinheiro, para quem o simples fato de facilitar a abertura de empresas no exterior ; que não é crime, desde que seja declarado à Receita ; não imputa responsabilidade a essas empresas. É preciso investigar para saber se há conhecimento das atividades ilícitas dos clientes das ;fábricas de firmas de prateleira;.</div><div> </div><div>A matéria completa está disponível <a href="http://impresso.correioweb.com.br/app/noticia/cadernos/ciencia/2016/02/14/interna_ciencia,197418/a-desafiadora-fase-da-liberdade.shtml">aqui, </a>para assinantes. Para assinar, clique <a href="https://www2.correiobraziliense.com.br/seguro/digital/assine.php" target="blank">aqui</a> <br /></div>