Por um ;equívoco;, funcionários do Supremo Tribunal Federal retiraram o segredo de Justiça do inquérito em que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) é acusado pelo Ministério Público de peculato e uso de documento falso. O senador apresentou guias de venda de gado para justificar que tinha capacidade financeira para pagar uma pensão a uma jornalista com quem teve uma filha e, assim, tentar derrubar a acusação segundo a qual uma empreiteira beneficiada por suas emendas pagava suas despesas pessoais.
O ministro relator do caso, Edson Fachin, determinou uma mudança no nome que aparece na capa do processo. No entanto, funcionários entenderam na quinta-feira (4/2) que deveria ser retirado o segredo do inquérito, que corre de maneira sigilosa desde 2007. Na tarde desta sexta-feira (5/2), o processo voltou a ser sigiloso. De acordo com informações do gabinete, os autos devem permanecer em segredo porque há referências à ;intimidade; de Renan.
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O senador tem uma filha de mais de dez anos de idade com a jornalista Mônica Veloso. Em 2007, ele perdeu a Presidência do Senado e quase ficou sem mandato após o Conselho de Ética pedir sua cassação. Os relatores do processo, Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), concluíram, com base em laudo de peritos da Polícia Federal, que o lobista da empreiteira Mendes Júnior Cláudio Gontijo é quem bancava as despesas com a pensão. Em troca, Renan fez uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias para uma obra de interesse da construtora.
Para o Ministério Público, o senador usou documentos falsos ao justificar seus rendimentos. A Procuradoria Geral da República ainda afirma que ele desviou verba de gabinete do Senado. Renan nega as acusações. A denúncia deve ser recebida ou julgada pelos ministros ;em breve;, segundo fontes do STF, mas somente após 17 de fevereiro.