Um dia após o ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmar que o Brasil perde "feio" a guerra para o mosquito Aedes Aegypti, o presidente da República em exercício Michel Temer defendeu a permanência do peemedebista no cargo. "Acho que ele merece (continuar)", disse Temer, ao ser questionado se Castro continuaria no posto.
Recentes declarações do ministro, como a de que o Brasil "está perdendo a guerra" para o mosquito e a de que "homens se protegem melhor que as mulheres" não repercutiram bem no Palácio do Planalto por serem consideradas muito duras. Questionado se houve alguma irritação com a fala do ministro, Temer disse que esta é uma questão da saúde.
Apesar do tom adotado nas falas, por ora, Castro não corre o risco de sair da função. Deputado Federal, o peemedebista foi alçado ao cargo de ministro em outubro do ano passado para contemplar o partido durante a reforma ministerial, em um esforço do Planalto para reunir a base do governo no Congresso Nacional e tentar garantir votos no PMDB contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Castro é psiquiatra por formação, mas não exercia a profissão havia pelo menos 30 anos e tem um perfil menos técnico que o do antecessor, Arthur Chioro (PT-SP).
Guerra contra o Aedes
Na última declaração do ministro, na segunda-feira, após reunião com Dilma e outros ministros, Castro anunciou pelo menos quatro medidas de combate ao mosquito. Uma delas é a distribuição de repelentes a mulheres inscritas no Bolsa Família (um universo de cerca de 400 mil). O ministro se reúne hoje pela manhã com fabricantes de repelentes para avaliar como será efetuada a compra.
Além disso, Castro disse também que haverá um dia de força tarefa -- que deve ocorrer em 13 de fevereiro --, no qual 220 mil integrantes das Forças Armadas visitarão casas de todo país para distribuir panfletos com informação sobre as doenças transmitidas e como combater o mosquito. O ministro também quer levar a todo país um programa usado em Goiás, que monitora o trabalho de agentes de saúde em tempo real. E, na sexta-feira, Dilma visitará a Sala Nacional de Coordenação e Controle do Plano de Enfrentamento à Microcefalia para participar de uma vídeo-conferência com governadores do país.