Em discurso inflamado a uma plateia de jovens, a presidente Dilma Rousseff afirmou que vai lutar contra a "interrupção ilegítima" de seu mandato. De acordo com a presidente, é preciso fortalecer a democracia, impedindo "retrocessos". Dilma afirmou que não há razão para que sejam feitos pedidos de impeachment. "Não conseguirão nada atacando a minha biografia. Sou uma mulher que lutou, amo meu País e sou honesta."
"O mais irônico é que muitos dos que querem interromper ao meu mandato têm uma biografia que não resiste a uma rápida pesquisa no Google", afirmou. De acordo com a presidente, é preciso garantir o voto popular direto e respeitar o resultado das eleições. "Vamos mudar o Brasil impedindo que atalhos levem este País a situação de instabilidade", disse, antes de alfinetar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. "Não mudaremos o Brasil fechando escolas, isso é certo."
Dilma chamou o debate sobre impeachment de "batalha que ditará os rumos do país". Segundo ela, a falta de motivos para o pedido de afastamento faz com que a tentativa seja chamada de golpe. "A Constituição prevê sim este processo. O que ela não prevê é a invenção de motivos. Eles oscilam entre invenções e falácias", afirmou.
A petista ainda rebateu os pontos usados como argumento para a abertura do processo de impeachment, ao afirmar que foram regulares os decretos de suplementação orçamentária assinados neste ano, além das chamadas "pedaladas fiscais". "Pagamos o Bolsa Família sim, pagamos o Minha Casa Minha Vida. Ao fazê-lo, sempre respeitamos as leis que existiam", disse.
As afirmações foram feitas na cerimônia de abertura da 3; Conferência Nacional de Juventude nesta quarta-feira, 16. Dilma foi recebida aos gritos de "não vai ter golpe, vai ter luta" e "no meu País, eu boto fé, porque ele é governado por mulher". Antes da chegada da presidente, o público também gritava "Fora já, fora daqui, o Eduardo Cunha junto com o Levy", ao mesmo tempo que defendiam a manutenção de Dilma no cargo.
Também participam do encontro o ex-presidente do Uruguai José Mujica e os ministros Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social; Miguel Rossetto, do Trabalho e Previdência Social; Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário; Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Jaques Wagner, da Casa Civil; e Nilma Lino Gomes, da Secretaria das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Petrobras
Em seu discurso, a presidente também fez uma defesa da Petrobras, dizendo que a estatal continua sendo a maior empresa deste País. "Enganam-se aqueles que acham que a Petrobras não tem a força de antes", disse. Ela argumentou que o mundo enfrenta a redução do preço do petróleo, mas a empresa tem "todas as condições" de gerar recursos, com destaque para o pré-sal.