Após manobra de aliados, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conseguiu mais uma vez postergar o processo contra ele por quebra de decoro no Conselho de Ética da Casa. O deputado Waldir Maranhão (PP-MA), primeiro vice-presidente da Câmara, considerou o relator, deputado Fausto Pinato (PRB-SP), impedido de continuar no cargo por ser do mesmo bloco de Cunha dentro do colegiado. A permanência do peemedebista na Presidência reforça o desgaste do governo, diante dos reflexos que pode ter no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A troca de relator é mais um entrave na representação contra Cunha, denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato e acusado de mentir à CPI da Petrobras ao negar a existência de contas no exterior. A votação do parecer de Pinato, apresentado em 16 de novembro, foi atrasada seis vezes devido a manobras de aliados do presidente da Casa. Ainda não há uma definição sobre prazos. O presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PDT-BA), articula para que o processo não seja retomado do zero. Ontem, ele definiu como novo relator o deputado Marco Rogério (PDT-TO). A expectativa de Araújo é votar o parecer na próxima terça-feira.
[SAIBAMAIS];Nós estamos trabalhando, os advogados estão trabalhando. Mas posso lhe garantir que não começa do zero. Começa provavelmente de onde parou, vai continuar;, assegurou Araújo. O objetivo, segundo ele, é aprovar a admissibilidade do processo contra Cunha ainda na semana que vem, antes de um possível recesso. A sessão de terça-feira foi marcada para manhã de ontem com a finalidade de evitar coincidência de horário com o plenário da Casa.
O presidente do Conselho de Ética recorreu à Mesa Diretora contra a decisão de tirar Pinato da relatoria e pretende levar a reclamação à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). ;A instância que for necessária, nós vamos bater à porta. Se precisar ir ao papa, eu vou;, disse. A cúpula do colegiado também estuda outras medidas, como pedir o afastamento de Cunha à Procuradoria-Geral da República. Ontem, Rede e PSol entraram com nova representação na PGR pedindo a saída imediata do peemedebista.
Atrasos sucessivos
Com escolha de novo relator, a votação do parecer de admissibilidade do processo de quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acabou adiada pela sexta vez.
3 de novembro
; Instauração do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A representação feita por PSol e Rede foi recebida pelo colegiado no prazo máximo regimental, por demora da Mesa Diretora.
16 de novembro
; O deputado Fausto Pinato (PRB-SP) apresenta relatório pela admissibilidade do processo contra Eduardo Cunha. Ele foi criticado por se posicionar antes do prazo máximo, em 19 de novembro.
19 de novembro
; Aliados de Cunha atrasam início da reunião do Conselho de Ética e o início da ordem do dia interrompe os trabalhos do colegiado. Em reação, cerca de 100 deputados deixam o plenário aos gritos de ;Fora Cunha;.
24 de novembro
; O deputado Fausto Pinato termina a leitura do relatório, mas pedido de vista de aliados de Cunha adia a votação.
1; de dezembro
; Aliados de Cunha fazem uma série de questionamentos até a sessão do Conselho de Ética ser suspensa devido ao início da sessão conjunta do Congresso, que impede votações em comissões.
2 de dezembro
; Em uma reunião de meia hora, o Conselho de Ética decide marcar para 8 de dezembro a votação. Antes da sessão, a bancada do PT anunciou que votaria contra Cunha.
8 de dezembro
; A votação não ocorre devido a apresentação de requerimentos protelatórios de aliados de Cunha dentro do Conselho de Ética até o início da sessão plenária, o que impede deliberações nas comissões.
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