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Dilma 'mentiu' ao dizer que não aceitava barganha, afirma Cunha

Segundo o líder da Câmara, a presidente da República teria pedido a vinculação de apoio de parlamentares para aprovar a CPMF

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) falou em coletiva à imprensa, nesta manhã de quinta-feira (3/12), sobre a decisão de aceitar o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente da República Dilma Rousseff (PT). Afirmando ter cumprido "um papel constitucional" ao acatar a medida, o líder da Casa repetiu, por diversas vezes, que a petista é que mentiu no pronunciamento feito à população nessa quarta-feira (2/12), ao dizer que não aceitava barganha.

[SAIBAMAIS]Dilma chamou o deputado André Moura (PSC-SE) ao seu gabinete, na manhã de ontem, para oferecer os votos do PT no Conselho de Ética em troca da votação da CPMF, segundo Eduardo Cunha. ;A presidente da República mentiu em rede nacional. Ela participou diretamente da negociação, à minha revelia (...) Isso é muito grave. A barganha veio proposta pelo governo e eu me recusei a aceitar. O governo tem muito a explicar à sociedade;, afirmou Cunha.

Ele disse que não revelou ontem a suposta reunião para ;troca de favores;, porque ainda dependia de uma autorização do deputado André Moura para citá-lo. ;Eu não participei de nenhuma negociação. Inclusive, antes de anunciar a abertura do processo, me recusei a atender o telefonema do Jaques Wagner (ministro da Casa Civil). Comigo, nunca houve nenhuma negociação.; Ele ressaltou ainda que a decisão de abertura do processo de impeachment já estava assinada antes de o PT declarar que votaria pela admissibilidade do processo de cassação contra ele no Conselho de Ética. ;Prefiro não ter os votos do PT.;

Para o presidente da Casa, o único papel do presidente é dar entrada no processo de pedido de impeachment, ação esta que não será feita por ele, mas pelo colegiado. ;É ele (o colegiado) que vai decidir o que vai ou não ocorrer. Se atenham que no procedimento da denúncia está claramente definido as razões para o impeachment. Fui zeloso e respeitoso às minhas palavras;, defendeu o parlamentar.



Pronunciamento
Ontem, Dilma Rousseff negou que o Planalto tivesse negociado para tentar impedir que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deflagrasse a abertura do pedido do impeachment em troca do apoio de petistas para barrar o processo contra o peemedebista no Conselho de Ética. "Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu País, que bloqueiam a Justiça e ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública".

Recesso
Questionado sobre o possível adiamento do recesso parlamentar, ele explicou que a convocação do Congresso para continuar os trabalhos se dá por meio de acordo entre os presidentes da Câmara e do Senado. ;Se o presidente do Senado não concordar (em adiar o recesso), não posso fazer isso sozinho;. O líder da Câmara também ressaltou que ainda hoje será realizada uma reunião de líderes para debater os temas e uma reunião extraordinária está prevista para a segunda-feira (7/12).