Jornal Correio Braziliense

Politica

Lava-Jato: Nestor Cerveró fecha acordo de delação premiada

Até sexta-feira passada, o acordo ainda não havia sido homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

O ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró fechou acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava-Jato. O trato foi acertado no dia 18 de novembro. Até sexta-feira passada (20/11), o acordo ainda não havia sido homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

[SAIBAMAIS]Hoje, o STF confirmou a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS) sob acusação de tentar impedir o acordo de delação de Cerveró. O líder do governo no Senado estaria obstruindo as investigações e teria oferecido dinheiro para a família de Nestor Cerveró.

Leia mais noticias em Política

O ministro afirmou que o senador tentou negociar com o ex-diretor da área internacional da Petrobras para que ele não aceitasse acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Uma reunião entre Delcídio e Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, teria sido gravada. No encontro, o senador oferece uma mesada de R$ 50 mil para a família de Cerveró, um plano de fuga e articulações no Judiciário para diminuição da pena.

Também com a prisão decretada, o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, é acusado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de servir como um intermediário dos interesses de Delcídio e do banqueiro André Esteves na defesa do ex-diretor da Petrobras. A participação do advogado seria para blindar Delcídio e Esteves, dono do banco BTG Pactual, na delação premiada de Cerveró. Um dos homens mais ricos do país, dono de uma fortuna avaliada em U$S 9 bilhões, Esteves ajudaria com recursos a família de Cerveró.

Veja trechos das gravações em que o senador menciona os documentos com anotações a mão de Cerveró

DELCÍDIO: Bom, aí eu cheguei lá, sentei com o André, falei ó André eu tô com o pessoal... é, eu já conversei com a turma, ; já falei com o Edson, vou conversar com o Bernardo, é, eu acho que é importante agora a gente encaminhar definitivamente
aquilo que nós conversamos. É, você mesmo me procurou, né, até pra (distoriar) que ele me procurou, ele tava preocupado, né, especialmente com relação aquela operação (;) dos postos, né.

(...)

DELCÍDIO: Pedido de vocês. Quem tem a temperatura das coisas melhor que isso, são vocês. Ele disse não Delcídio, não tem problema nenhum, oh, eu tô interessado, eu preciso resolver isso, oh, o meu banco é enorme se eu tiver problema com o meu banco eu tô fudido, só para (distoriar) vai que você não conhece essa estória, oh eu quero ajudar, quero atender o advogado, quero atender a família, ajudo, sou companheiro, pá pá. E a conversa fluiu bem. A única coisa que eu achei estranho foi o seguinte: é no meio da, por que banqueiro vocês conhecem, vocês sabem como é que banqueiro é foda, né. Ele quer ajuda, ele quer apoio, ele dá apoio, mas ele chora as pitangas e vai criando, onde ele puder enganchar, ele
engancha. Ele trouxe um paper, aquele paper.


EDSON: Hum!


DELCÍDIO: É, do Nestor. Mas com anotações que suponho tem a ver com as do Nestor. Vocês chegaram a ter acesso algum documento assim?


(...)


EDSON: Olha só... O que eu tenho é o original porque a Alessi me passou e passou pra vocês.


DELCÍDIO: Pois é, mas esse, tem anotações a mão.


EDSON: Tinha umas anotaçõezinhas do Nestor (;) num tem jeito


DELCÍDIO: Aí... ele pegou. Porque eu não tinha. Não tinha falado nada que eu tinha o documento. Num falei nada. Dentro daquilo que nós combinamos. Num falei porra nenhuma. Aí ele falou olha, Delcidio ta aqui ó. Aí ele pegou e viu lá no (embandeiramento). Você disse que não ia falar. Ai porque eu peguei... dei uma desviada né. Eu sabia há muito tempo...