A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um novo inquérito sobre o senador Fernando Collor (PTB-AL), também no âmbito da Lava-Jato. O novo pedido, que foi encaminhado ao ministro Teori Zavascki, é sigiloso e não há maiores detalhes.
Collor já foi denunciado pela PGR por corrupção e lavagem de dinheiro. Até agora, as investigações indicam que o senador recebeu R$ 26 milhões em propina entre 2010 e 2014 por um contrato de troca de bandeira de postos de combustível assinado pela BR Distribuidora e por outros contratos da estatal com a UTC Engenharia, outro alvo da Lava-Jato. O dono da empresa, Ricardo Pessoa, é apontado como chefe do cartel beneficiário de contratos com a Petrobras.
As primeiras denúncias contra Collor detalham o esquema de lavagem de dinheiro usado pelo senador, com a compra de carros de luxo, além de delações que apontam entrega de dinheiro em mãos ao político. Subordinado do doleiro Alberto Youssef, peça central da Lava-Jato, Rafael Ângulo relatou ter dado pessoalmente R$ 60 mil a Collor em um apartamento do parlamentar A Polícia Federal também obteve a confirmação de oito comprovantes de depósito em nome do senador, mencionados em delação por Youssef. O doleiro disse ter feito "vários depósitos" a Collor, no valor de R$ 50 mil.
O senador também foi citado no depoimento do lobista Fernando Baiano, apontado como operador de propinas do PMDB pela Operação Lava-Jato, que afirmou que, em 2012, o então diretor financeiro da BR Distribuidora Nestor Cerveró comentou sobre uma suposta pressão feita por Collor na subsidiária da estatal petrolífera.
Na ocasião, Collor negou ;qualquer ingerência; na BR Distribuidora. Por meio de nota, o senador negou "enfaticamente ter exercido qualquer ingerência - muito menos pressão - sobre a Petrobras ou sua subsidiária BR Distribuidora". "O senador não se dignará a responder a especulações infundadas de delator a partir do que supostamente ouviu dizer de terceira pessoa, e que não apontam concretamente qualquer fato específico, nem lhe atribuem prática de qualquer ilegalidade".
Carros de volta
No fim de outubro, o ministro Teori Zavascki autorizou o senador a guardar os veículos de luxo que foram apreendidos em julho pela Polícia Federal na Operação Politeia, um desdobramento da Operação Lava-Jato.
O parlamentar pediu ao STF para guardar em sua posse os veículos - um Lamborghini, um Bentley, uma Range Rover e uma Ferrari - porque são automóveis de luxo que demandam cuidados especiais. "Não se tratando de bens essenciais à elucidação dos fatos investigados, nem constituindo, em si mesmos, bens ilícitos, não haveria óbice à nomeação do requerente como fiel depositário, com os deveres e ônus correspondentes", disse a decisão do STF.