O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, nesta quinta-feira (29/10) às investigações por supostos crimes de corrupção que envolvem sua família. Ele pediu que ninguém fique com pena e afirmou que vai sobreviver ao que classificou de "três anos de muita pancadaria".
"Aprendi com a vida a enfrentar adversidade. Se o objetivo é truncar qualquer perspectiva de futuro, então vão ser três anos de muita pancadaria. E, podem ficar certos, eu vou sobreviver", afirmou o ex-presidente em discurso de mais de uma hora durante a reunião do Diretório Nacional do PT, na capital federal.
Lula brincou com a Operação Zelotes, em que o seu filho mais novo, Luis Claudio, é investigado por ter recebido dinheiro de uma empresa suspeita de comprar uma Medida Provisória para beneficiar montadoras. "Tenho mais três filhos que não foram denunciados, sete netos e uma nora que está grávida. Porra, não vai terminar nunca isso?", disse.
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O ex-presidente afirmou que as investigações criaram um "problema desgraçado" na família dele. "Disseram que uma nora recebeu R$ 2 milhões. Aí vão perguntar quem está rico na família. Daqui a pouco uma nora entra com um processo contra a outra", brincou, arrancando risos da plateia.
Eleição em SP
Apesar do desgaste do PT diante dos escândalos de corrupção e da crise econômica e política que abate o governo Dilma Rousseff, Lula avaliou que a legenda tem chances de ganhar as eleições de 2016 em São Paulo, cidade que o partido já comanda, com o prefeito Fernando Haddad. Ele defendeu que a militância deve reagir às acusações de roubo.
"Pode ficar certo que nós temos chances de ganhar a capital de São Paulo", afirmou o ex-presidente. Ele reconheceu que o PT cometeu erros, "mas qual partido conquistou mais credibilidade do que o nosso, qual fez mais pelo povo do que o nosso?", questionou.
Lula defendeu que, em época de dificuldades econômicas, a militância tem de ir para a rua. "A única coisa que não vale é se esconder", afirmou.
De acordo ele, o povo votará no pleito de 2016 em função da realidade de cada cidade. "Cada cidade é uma eleição, cada cidade é uma cultura diferente", disse, defendendo que é preciso construir um programa específico para o clima de cada cidade. "Portanto, temos que estar preparados para surpreender nossos adversários", comentou. "Não podemos ficar de cabeça baixa ouvindo o PT ser chamado de ladrão", acrescentou.
O ex-presidente da República afirmou que os petistas que desejarem sair do partido encontrarão a mesma "porta aberta de carinho" que encontraram para entrar. "O que não dá é para a gente disputar com companheiros que, na primeira dificuldade, querem puxar o carro", afirmou, sem mencionar nomes em seu discurso de mais de uma hora de duração a membros do Diretório.