Jornal Correio Braziliense

Politica

Em meio à crise, servidores da AGU se voltam contra ministro-chefe Adams

O clima de rebelião na AGU vem ganhando uma proporção de "crise jurídica" na Esplanada dos Ministérios



Servidores também reclamam que a atuação de Adams na AGU tem por objetivo mais auxiliar a gestão Dilma do que o Estado brasileiro No dia seguinte ao julgamento das contas no TCU, a União dos Advogados Públicos e Federais do Brasil (Unafe) divulgou uma dura nota na qual diz que Adams, "com sua visão distorcida da Constituição, tenta transformar a AGU em um aparelhado órgão de governo".

Como exemplos, além da tentativa de impedir que o TCU analisasse as contas presidenciais de 2014, a nota cita o empenho do ministro em viabilizar acordos de leniência com as empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato e a defesa que fez para que a Corte não bloqueasse os bens da ex-presidente da Petrobrás, Graça Foster, em processo que investiga denúncias de irregularidades na compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA, pela estatal.

A operação tartaruga não é a única maneira como os servidores têm demonstrado sua rejeição a Adams. Segundo a Unafe, foram registradas 2.531 declarações de entrega de cargos - assinadas por advogados públicos federais que não possuem cargos de confiança comissionados - comprometendo-se a não assumir essas funções e recusando viagens. Entre eles, estão cinco Procuradores Regionais Federais e os cinco Procuradores Regionais da União.

Saída No Planalto, a avaliação é de que a decisão do TCU deve apressar a saída de Adams da AGU, ainda que se saiba que a estratégia de defesa das contas tenha sido articulada também por outros ministros, como José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e Nelson Barbosa (Planejamento) e avalizada pela presidente.

O próprio Adams, porém, já disse a amigos que pretende entregar o cargo em breve. O mais cotado para substituí-lo, atualmente, é Beto Vasconcelos, secretário Nacional de Justiça. A ideia do governo é aproveitar a insatisfação do ministro para dar uma nova cara à AGU.

Os sinais de divergência entre o Planalto e Adams já têm sido emitidos publicamente. O novo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, deixou claro em entrevista coletiva na quinta-feira que, agora, a estratégia do governo para salvar o mandato de Dilma era política e concentrada no Congresso, e não a exposta por Adams nas últimas semanas: uma disputa judicial no Supremo Tribunal Federal.

Adams não quis comentar sua situação política. Em nota, a AGU informou que os integrantes da instituição estão cumprindo suas atribuições em observação aos prazos legais. Diz ainda que os pedidos de exoneração feitos pelos advogados da União e dos procuradores federais são direcionados às respectivas chefias e estão sendo autorizados de acordo com o interesse e conveniência da administração pública. O órgão ressaltou, ainda, que a iniciativa de deixar os cargos cabe a cada membro. (As informações são do jornal O Estado de S.Paulo)