A fim de evitar desgastes, a presidente Dilma Rousseff irá se reunir a partir de hoje com líderes dos partidos na Câmara dos Deputados e do Senado para conversar sobre a reforma ministerial antes de fazer o anúncio oficial, que deve acontecer até quarta-feira. De acordo com o Palácio do Planalto, a decisão foi tomada pela manhã, após a reunião de coordenação, com a presença dos líderes do governo no Legislativo, doze ministros e o vice-presidente, Michel Temer. Antes do encontro, a presidente e o vice, que estava desde 12 de setembro em viagem a Rússia e Polônia, conversaram sobre o assunto.
Ao longo do fim de semana, Dilma realizou reuniões diversas sobre o novo rearranjo de pastas. De acordo com o anúncio feito pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, em 24 de agosto, haverá redução de dez ministérios, que passarão para 28. O objetivo é sinalizar que o governo está cortando gastos. A preocupação é com a alocação dos aliados, especialmente do PMDB, já que pelo menos duas pastas sob comando do partido devem perder o status de ministério.
Além da reforma ministerial, foram discutidos na reunião de hoje o pacote de ajuste fiscal e a apreciação de vetos presidenciais. A previsão é que o texto do ajuste, incluindo a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para recriar a CPMF, seja enviado até quarta-feira. No dia seguinte, a presidente viaja para Nova York. De acordo com o Palácio do Planalto, ficou claro que é preciso trabalhar para que os vetos presidenciais não sejam derrubados na sessão conjunta do Congresso prevista para amanhã, a fim de evitar um impacto negativo nas contas.
Na lista, estão decisões do Planalto que evitam a criação de despesas aprovadas pelos parlamentares, como o projeto de lei que reajusta os salários dos servidores do Judiciário em até 78,56% (PL 28/15), aprovado em junho. A base aliada tentará segurar também barreiras impostas pela equipe de Dilma a textos que vinculam os benefícios dos aposentados ao reajuste do salário mínimo e flexibilizam o fator previdenciário no cálculo de aposentadoria. As sessões de apreciação de vetos do Congresso têm sido adiadas sistematicamente, com ajuda de aliados do governo, a fim de evitar uma derrota na apreciação das medidas.
A reunião de coordenação política iniciada às 10h30 contou com a presença 12 ministros, além do vice-presidente Michel Temer e de líderes do governo no Legislativo: o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), no Senado, o deputado José Guimarães (PT-CE), na Câmara, e o senador José Pimentel (PT-CE), no Congresso. Os titulares das pastas no encontro foram Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), Eduardo Braga (Minas e Energia), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Gilberto Kassab (Cidades), Jaques Wagner (Defesa), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Ricardo Berzoini (Comunicações), Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), José Eduardo Cardozo (Justiça).