O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da Operação Lava-Jato, informou hoje (21/9) que José Antunes Sobrinho, ex-executivo da empresa Engevix, tentou entrar em contato com testemunhas para ;alterar a verdade dos fatos;. Sobrinho foi preso na 19; fase da operação. A nova etapa de investigações é, segundo o procurador, um ;rescaldo de operações anteriores;, que se revelaram insuficientes.
Intitulada Nessun Dorma (que ninguém durma, em tradução livre do italiano), a 19; fase foi deflagrada pela manhã pela Polícia Federal (PF), mobilizando 35 policiais para cumprir 11 mandados judiciais, sendo sete de busca e apreensão, um de prisão preventiva, um de prisão temporária e dois de condução coercitiva (quando a pessoa é levada à polícia para prestar depoimento). As ações da PF foram feitas em Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro.
Nessa etapa, PF e Ministério Público Federal (MPF) investigam um contrato de R$ 140 milhões envolvendo as empresas Engevix e a Aratec ; esta última ligada ao ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, que está preso em Curitiba. Ainda não há uma estimativa sobre quanto foi destinado ao pagamento de propinas.
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;O valor desviado será objeto da perícia. Só depois poderemos dizer quanto foi desviado;, disse o procurador, ao informar ter identificado pagamentos de propina a partir de movimentações financeiras feitas em janeiro deste ano.
Em depoimento à Polícia Federal, Othon Pinheiro da Silva disse que os pagamentos recebidos pela Aratec, por meio da Eletronuclear, e citados pela acusação, ocorreram antes da assinatura do contrato com o consórcio de Angra 3. Segundo ele, os valores referem-se a serviços de tradução prestados por sua filha. Ele afirmou também na PF que, após ingressar na estatal, passou o comando da empresa para a filha.
Eletronuclear e Petrobras
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que os casos envolvendo a Eletronuclear e a Petrobras têm ligação. A operação investiga se um esquema de compra de apoio político e partidário teve início na Casa Civil, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
;Quando falo que investigamos esquema de compra de apoio político-partidário, digo que os casos [envolvendo a Eletronuclear e a construção da Usina Nuclear Angra 3] são conexos [às investigações sobre a corrupção na Petrobras] porque dentro deles está a mesma organização criminosa, com pessoas ligadas a partidos políticos;, disse o procurador, em entrevista à imprensa.
Segundo o procurador, não há ;relação direta e comprovada; entre esta etapa de investigações e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, mas ;não há a menor dúvida [do envolvimento da] Casa Civil durante o governo de Lula;. Dirceu está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, em função das investigações da 17; fase da Operação Lava-Jato.
;Nossas investigações abrangem a Eletronuclear e Angra 3. Não há relação direta com Petrobras, mas com compra de apoio político. Já obtivemos documentos bancários que comprovam [repasse de valores feitos aos envolvidos no caso]. Isso aconteceu até 2015. Portanto mostra que, mesmo com as prisões [já feitas], continuam o mesmo esquema, só que em outra estatal;, disse o procurador Carlos Lima.