O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se reuniu com a presidente Dilma Rousseff pela primeira vez após anunciar o rompimento com o governo, em julho. Após o encontro, Cunha disse que a relação não mudou. ;Isso não quer dizer que eu vou ter posição de apoiamento, nem que eu voltei atrás no rompimento político que eu tinha feito da minha posição do governo, mas isso não quer dizer que eu não vá conversar com ela e que eu não debata os assuntos do país;, afirmou.
Cunha classificou a reunião como institucional e disse que participará de quantas forem necessárias. Ele negou que tenham discutido a vinda da presidente ao Congresso e a relação do PMDB com o Planalto. O peemedebista disse ainda que não há risco de cortes nas emendas parlamentares, apesar do relator-geral do projeto de lei orçamentária de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), apontar que a peça não colocou como despesa 1,5 bilhão referentes a esses pagamentos.
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Durante o encontro, o presidente da Câmara defendeu novamente que a proposta de repatriação de recursos de estrangeiros no exterior seja feita por meio de um texto oriundo do governo. O Senado deve votar nos próximos dias um texto de autoria do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), parte da chamada Agenda Brasil. ;Ela entendeu os argumentos e achou plausíveis. Se vai fazer eu não sei", disse.
Orçamento
De acordo com Eduardo Cunha, o principal assunto do encontro foi o projeto de lei orçamentária enviado pelo Planalto ontem ao Congresso. O texto prevê um rombo de R$ 30,5 bilhões nas contas do governo em 2016. Dilma ligou para Cunha para pedir a conversa a fim de conseguir apoio no Congresso para resolver o déficit. ;Ela não fez propriamente um pedido. Ela debateu a situação e pediu apoio para que medidas possam ser feitas para que a gente possa ter uma solução estrutural para o processo. Não necessariamente aumentar impostos. Ela não pediu em nenhum momento nada que possa aumentar impostos;, afirmou o deputado, contrário a elevações de tributação.
Ele negou que o Planalto tenha transferido para o Legislativo a atribuição de fazer o orçamento. De acordo com o peemedebista, é preciso retomar a retomar a confiança do mercado financeiro e dos consumidores a fim de driblar a queda na arrecadação do governo. Diferentemente de partidos da oposição, que defendem a devolução da peça, Cunha afirmou que a previsão de déficit não é motivo para tal medida, mas disse que é preciso que o Planalto sinalize que a dívida bruta não vai aumentar, a fim de alcançar alguma estabilidade econômica. Ele também criticou a forma como o superávit primário ; economia que o governo faz para pagar os juros das dívidas - é feita. ;O superávit primário que a gente tem hoje com o adimanto de pagamentos não é um superávit. Você finge que faz;, completou.