No momento mais tenso da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) sussurrou xingamentos ao chefe do Ministério Público Federal. Segundo relatos de dois senadores e integrantes da equipe de Janot à reportagem, o ex-presidente chamou o procurador-geral de "filho da p..." e "calhorda".
O áudio dos xingamentos de Collor - denunciado por Janot na Operação Lava-Jato - não chegaram a ser captados pelo sistema de som, uma vez que foram feitos fora do microfone. Também não foram presenciados pela imprensa, pois o ex-presidente está na primeira fila da comissão, de frente para a cadeira do procurador-geral na bancada.
Leia mais notícias em Política
Mesmo diante das provocações, nas respostas a Collor, o chefe do Ministério Público se manteve firme e deu respostas técnicas à bateria de questionamentos sobre a sua gestão e comportamentos. Ele, entretanto, aproveitou para dar uma indireta ao ex-presidente, que saiu do cargo após processo de impeachment: "Não há futuro viável se condescendermos com a corrupção". E finalizou dizendo que todos são iguais perante a lei.
Não é primeira vez que o ex-presidente xinga o procurador-geral. No início do mês, em discurso da tribuna, Collor chamou-o de "filho da p...". Na ocasião, a fala chegou a ser captada pela TV Senado.
Após o embate com Janot, o senador do PTB deixou a sala da CCJ e, sorrindo, não falou com a imprensa.
Lista
O procurador-geral da República negou que haja "seletividade" nas investigações da Lava-Jato. Janot afirmou que todos os nomes citados nas investigações chegaram ao Ministério Público após menção feita pelos delatores do esquema de corrupção na Petrobras.
"Falam em ;lista do Janot;. O Janot não fez lista nenhuma. Esses fatos e essas pessoas vieram pelos colaboradores. Nós tivemos a preocupação, nas duas primeiras colaborações e estamos fazendo isso em todas, assim é possível fazer levantamento do sigilo. Abrimos todo o complexo da delação premiada para que não sejamos acusados de seletividade", afirmou ele.