Mesmo após denunciar Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Procuradoria-Geral da República (PGR) continua a investigar o presidente da Câmara dos Deputados sob acusação de cobrar propina de um estaleiro para que negociasse dois navios à Petrobras. Na denúncia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e 11 procuradores e promotores de Justiça mapearam o ;caminho do dinheiro;, a rota percorrida pelo suborno que saiu dos bolsos do ex-lobista da Samsung Heavy Industries Júlio Camargo até chegar às mãos do operador Fernando ;Baiano; Soares e de Cunha.
Não há uma operação financeira direta localizada entre Baiano e o deputado, mas fatos denunciados por Camargo e confirmados por documentos ; como reuniões em datas, locais e horários específicos ; são considerados indicativos fortes de que isso ocorreu. O Correio apurou que a PGR intensificou as investigações no faro das contas e depósitos no exterior, cujo beneficiário seria o presidente da Câmara. O Código Penal ainda abre uma brecha para que alguém seja condenado por corrupção, mesmo que o dinheiro não tenha chegado até o beneficiário, desde que exista comprovação de exigência de propina.
Trabalho de cooperação internacional com o Ministério Público da Suíça, onde Júlio Camargo manteve dinheiro do esquema, foi fundamental para esclarecer os pagamentos de propina atribuídos a executivos da empreiteira Odebrecht na Operação Lava-Jato. Além disso, descobriu-se que ex-dirigentes da Petrobras, como Renato Duque e Jorge Zelada, mantinham cerca de R$ 119 milhões em Mônaco. Essa é a expectativa do grupo de trabalho montado por Janot: localizar contas desconhecidas que reforcem as provas contra o presidente da Câmara.
Eduardo Cunha informou aos procuradores do grupo de trabalho da Lava-Jato na PGR que não queria prestar depoimento. A reportagem questionou a assessoria do presidente da Câmara se ele administra dinheiro próprio ou de terceiros no exterior, mas não obteve esclarecimentos. O deputado disse que não poderia comentar as denúncias por orientação de seu advogado, o ex-procurador geral da República Antônio Fernando de Souza. ;Estou absolutamente sereno e refuto com veemência todas as ilações constantes da peça do procurador geral da República;, disse mais tarde, em nota a toda a imprensa.
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