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Na Presidência, Collor viu obra da Dinda investigada; agora alvo são carros

Três importados mostram o quanto evoluiu o gosto e os gastos de Collor com carros desde o Fiat Elba 1991 nacional

No tempo em que os brasileiros produziam e dirigiam "carroças", um presidente da República ia para a berlinda por causa de um Fiat Elba de cerca de R$ 45 mil em preço atualizado e um controverso jardim estimado em US$ 2,95 milhões, que valem quase o dobro na correção da moeda americana. Passados 23 anos, as cifras milionárias não estão mais no paisagismo da Casa da Dinda mas na frota de R$ 5,8 milhões ligada ao agora senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), um dos investigados nos inquéritos da Operação Lava Jato abertos no Supremo Tribunal Federal.



Em 2009, a marca alemã que carrega o nome do criador do Fusca, Ferdinand Porsche, decidiu abrir mais duas portas no novo carro, sem transformá-lo num sedã nem abrir mão da esportividade vista principalmente no clássico 911. Ao comprar seu Panamera, pelo que mostram as fotos da operação, Collor pagou mais caro para trocar as rodas originais por um desenho mais esportivo.

[SAIBAMAIS]A Ferrari 458 Italia 2010/2011, pintada na tradicional (ou clichê) cor vermelha da marca italiana, custa no mercado de usados R$ 1,1 milhão - quando chegou ao Brasil, em abril de 2010 o preço começava em R$ 1,5 milhão (o equivalente a R$ 2,1 milhões hoje). O nome não faz menção só à origem da Ferrari: cita o motor 4.5 de 8 cilindros em V capaz de levar o carro a 325 km/h - um Fiat Elba 1.6 de 4 cilindros, em teste publicado pela revista Quatro Rodas em junho de 1991, chegou a 153 km/h.

A joia da garagem da Casa da Dinda é o Lamborghini Aventador LP 700-4 Roadster, modelo 2013/2014, hoje avaliado em mais de R$ 3 2 milhões. Com 700 cavalos de potência, vai a 100 km/h em 3 segundos - quase cinco vezes mais rápido que um Fiat Elba.

O carro de Collor é mais exclusivo que o de Eike Batista - o do senador tem teto removível, enquanto o do empresário era fixo. Collor também escolheu a exclusiva cor Azzuro Thetis, cuja tonalidade varia dependendo da incidência de luz e pode fazer o carro parecer prateado. Ah, e claro, o Lamborghini de Collor não foi leiloado como o de Eike. Pelo que se comenta entre donos de superesportivos, só haveria mais uma unidade do Aventador Roadster no Brasil além da apreendida na Casa da Dinda.

Dinheiro
Além da frota de Collor, a PF apreendeu R$ 4,028 milhões, US$ 45 6 mil e 24,5 mil, tudo em dinheiro, além de joias e mais dois veículos de luxo. O maior montante apreendido - R$ 3,67 milhões - estava em um "cofrão", conforme definição dos agentes, no escritório em São Paulo do empresário Carlos Alberto Santiago, o Carlinhos, dono da rede de postos de combustíveis Aster Petróleo. Ele é suspeito de ter intermediado propina de 1% para Collor sobre um contrato de R$ 300 milhões na BR Distribuidora. O Estado não localizou Carlinhos. (Colaboraram Fábio Fabrini, Fausto Macedo e Josette Goulart)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.