O discurso de 31 minutos foi estrategicamente pensado para apresentar os quadros do partido. Começou com pinceladas na história do PSDB e seus maiores líderes: Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, ex-governador de São Paulo, falecido em 2000. Depois, fez um apanhado das últimas eleições. Feito isso, Aécio partiu para expor o que se vê na gestão de Dilma: ;O que temos hoje é um governo afogado em denúncias, paralisado pela incompetência e desacreditado pela fala de confiança (;) O país respira hoje uma combinação tóxica que sufoca o ambiente econômico, contamina a arena política, afronta princípios caros aos brasileiros e torna a vida da nossa população mais difícil. Devido a seus erros crassos e frequentes, a presidente não governa mais. Vê a cada dia o seu poder se esvair;, completou.
Aécio criticou ainda o ajuste econômico do governo, que, dissociado de reformas estruturais e administrativas, não traz resultado. ;Temos um autêntico desgoverno, que abriga caprichosamente uma crônica ineficiência e premia a má gestão;, disse ele. ;Estamos lidando com o que acreditávamos estar totalmente superado desde o Plano Real. O desafio nacional é, de novo, controlar inflação, retomar o crescimento e garantir empregos e evitar o agramento da crise social na qual já estamos mergulhados;, afirmou.
[SAIBAMAIS]Logo depois, numa rápida entrevista ao lado do governador Geraldo Alckmin, Aécio afirmou que mais cedo ou mais tarde vai caber ao PSDB corrigir ;os equívocos do governo e limpar toda essa lambança; e mencionou que o partido tem que estar pronto e assumir a responsabilidade, seja qual for o desfecho. Alckmin, que já havia feito um duro discurso contra o governo da presidente Dilma Rousseff, dizendo, inclusive, que o ;PT não gosta dos pobres e sim do poder a qualquer preço;, completou: ;O PT chegou ao fundo do poço. Cabe a nós não deixar que o Brasil seja carregado com eles;, repetindo parte do que já havia sido dito aos convencionais por outros oradores de ponta do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; o senador José Serra, que falou em nome dos ex-presidentes tucanos; e ainda o governador de Goiás, Marconi Perillo. ;Imagine se o governo Fernando Henrique não tivesse privatizado a Vale e o setor de telefonia? Não sobraria nada;, disse Perillo, citando as denúncias de corrupção na Petrobras.
Crise
Fernando Henrique, hoje fortalecido e homenageado pelo partido, citou o mar de crises que vive o Brasil e alertou para o início de um mal-estar social que tem tudo para se agravar diante do atual quadro e, nas entrelinhas, lembrou de Luiz Inácio Lula da Silva: ;Tinha um que dizia nunca antes, nunca como antes. Pois nunca como antes se roubou tanto nesse país (;) O rumo foi perdido. O Brasil foi quebrado pelo PT, pelo lulopetismo;, e cobrou: ;Precisamos ir até o fim para que o Brasil seja passado a limpo.;
José Serra, que concorreu à Presidência pelo PSDB em 2002 e 2010, pregou o parlamentarismo. Fez também um apelo a Aécio Neves para que, como presidente do partido, aposte nesse sistema de governo dentro da reforma política em curso no Senado. Serra se referiu a essa crise como a mais grave que o país já viveu. ;Governo ruim se intoxica com a própria mediocridade;, disse ele, fazendo um alerta ainda ao partido para que não caia nas tentações de aprovar ;loucuras fiscais; que podem comprometer não o governo Dilma, ;mas futuros bons governos que estão por vir;.
Serra, entretanto, não detalhou que ;loucuras; seriam essas e nem era o momento ideal para isso, embora a plateia estivesse bem eclética em termos de senadores. Até Magno Malta (PR-ES), que integra um partido da base do governo, marcou presença, mas saiu antes dos discursos de Aécio e de Fernando Henrique. Chegou a ser anunciado como presidente do PR e fez questão de corrigir o mestre de cerimônias. ;Meu partido é da base do governo, mas eu sou da base do povo.;
Da oposição, faltou apenas a Rede de Marina Silva, que fez uma reunião em Brasília no mesmo fim de semana. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, enviou uma carta de cumprimentos aos tucanos. ;Expresso minha esperança de que forças políticas e democráticas possam criar condições necessárias para superar as dificuldades vividas pelos brasileiros.; Estiveram presentes Roberto Freire, do PPS, José Agripino, do DEM, Pastor Everaldo, do PSC, e Cristiane Brasil, do PTB, filha de Roberto Jefferson.
;Esse grupo político está caminhando a passos largos para a interrupção do mandato;
Aécio Neves, senador e presidente do PSDB
;O PT chegou ao fundo do poço. Cabe a nós não deixar que o Brasil seja carregado com eles;
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo
;O rumo foi perdido. O Brasil foi quebrado pelo PT, pelo lulopetismo. Precisamos ir até o fim para que o Brasil seja passado a limpo;
Fernando Henrique, ex-presidente do Brasil