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Cardozo: rejeição da PEC da maioridade penal foi vitória da sociedade

Ele se dispôs a travar novos debates com os parlamentares para evitar a aprovação do novo texto

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, evitou falar em uma vitória do governo após a rejeição da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93 que reduziria a maioridade penal de 18 para 16 anos de idade, nos casos crimes graves, considerados hediondos. Para ele, a rejeição foi uma vitória ;da sociedade brasileira;.

;Não é uma vitória do governo. O que eu posso dizer é que se alguém for sair vitorioso será a sociedade brasileira e os governadores, que não terão que administrar o problema [do aumento de detentos nas cadeias];. O tom de Cardozo é cauteloso, uma vez que a queda de braço sobre o tema ainda não terminou.

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Ele citou a apresentação de uma emenda aglutinativa à PEC da maioridade penal, por parte de alguns partidos que defendem a redução. Para ele, o novo texto, que retira os crimes de tráfico de drogas e roubo qualificado, pode levar ainda mais jovens às cadeias. ;Tive impressão que o rol de crimes é mais amplo. Tirou o tráfico, mas deixa uma discussão se o tráfico entra ou não, porque ele é equiparado a crime hediondo;, disse o ministro.

A nova proposta prevê redução da maioridade para crimes com violência, grave ameaça, crimes hediondos, homicídio doloso, lesão corporal grave ou lesão corporal seguida de morte. Para o ministro, se o texto rejeitado ontem (30) representaria um acréscimo de 40 mil detentos, o texto da emenda aglutinativa poderia levar 60 mil jovens para a cadeia nos seus cálculos.

Cardozo se dispôs a travar novos debates com os parlamentares para evitar a aprovação do novo texto. Segundo ele, os impactos negativos no sistema penitenciário brasileiro e na ressocialização do adolescente consta em dados ;comprovados e indiscutíveis;. Razão porque se propõe a discutir, mostrando "números verdadeiros". Por isso, disse ele, governadores estão ligando para os deputados de seus estados, pedindo para votar contra a PEC.

Além da emenda aglutinativa ; apresentada hoje por PSC, PSD e DEM ; o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que o plenário deverá fazer nova votação para deliberar sobre a proposta original, que diminui a maioridade penal para todos os crimes. ;Iremos deliberar, no colégio de líderes, a deliberação;, disse ele.