O lobista da empreiteira Engevix, que pagou R$ 1,4 milhão ao ex-ministro José Dirceu, fechou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava-Jato. Milton Pascowith foi na manhã desta terça-feira (30/6) à 13; Vara Federal de Curitiba e obteve uma tornozeleira eletrônica.
Em troca de confessar crimes, revelar documentos e informações à Polícia Federal e ao Ministério Público, ele obteve a promessa de uma redução em suas futuras penas. Normalmente, nesse tipo de acordo, é acertado o pagamento de multas, devoluções e indenizações para compensar os lucros obtidos com os crimes. Mas as fontes envolvidas no acordo não revelaram os detalhes da transação.
O advogado Theo Dias, que defende Pascowith, afirmou ao Correio que não pode se manifestar a respeito do assunto. O operador estava detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Ele foi preso em maio, na 13; fase da Operação. Segundo o dono da Engevix, Pascowith era o elo entre ele e o PT do ex-tesoureiro João Vaccari e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
A Receita Federal identificou que o ex-ministro obteve R$ 1,4 milhão da empresa Jamp Engenheiros, do operador. Segundo o petista, os valores se devem a prestação de serviços para a Engevix no exterior. O dono da empreiteira, Gerson Almada, confirmou os serviços ; que não lhe renderam nenhum contrato fora do país ; que afirmou que era uma ;surpresa; o pagamento da Jamp para Dirceu já que a própria Engevix já havia pago R$ 1,1 milhão pelos serviços ao ex-ministro.
Pré-sal
Segundo o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, Pascowith era o operador que pagava propinas da Engevix e seu estaleiro, o ERG, para obter contratos de construção de navios-sondas para o pré-sal.
Até agora, 18 pessoas já fecharam acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal no Paraná e no Rio de Janeiro, nos fatos investigados pela Operação Lava-Jato.
Quem já fez delação na Lava-Jato
1. Lucas Pacce Jr. Primeiro delator. Prestou informações sobre bancos e a doleira Nelma Kodama
2. Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e mais 5 familiares. Primeira delação importante do caso, que revelou os tentáculos políticos e empresariais do esquema de desvios de dinheiro da Petrobras.
3. Alberto Youssef, doleiro. Complementou a delação de Paulo Roberto
4. Ricardo Ribeiro Pessoa, acionista e presidente da UTC Engenharia. Acusou a campanha da presidente Dilma Rousseff de receber dinheiro do esquema
5. Augusto Mendonça, presidente da Setal Engenharia. Revelou detalhes do cartel de empreiteiras para combinar licitações da Petrobras
6. Dalton Avancini, presidente da Camargo Corrêa. Deu informações sobre as obras de Belo Monte.
7. Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa. Falou sobre Belo Monte.
8. Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras e ex-diretor da Sete Brasil. Revelou detalhes do esquema de desvio no mercado de navios do pré-sal.
9. Júlio Faerman, lobista da SBM Offshore. Prestou depoimentos no Ministério Público do Rio de Janeiro.
10. Júlio Camargo, diretor da Toyo Engeenering e operador de propinas.
11. Rafael Ângulo Lopez, auxiliar de Youssef que transportava dinheiro para o doleiro.
12. Shiko Nakandakari, operador que revelou pagamentos feitos pela Galvão Engenharia.
13. Milton Pascowith, operador do estaleiro ERG e da empreiteira Engevix.