Uma mensagem apreendida pela Operação Lava-Jato indica um ;sobrepreço; de 20 a 25 mil, sem referência a moeda, na produção de sondas para o pré-sal. O email foi disparado para o presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, preso nesta sexta-feira (19/6) na 14; fase da Operação Lava-Jato. Ele é uma das bases da ordem de prisão do executivo da maior construtora do Brasil.
A mensagem foi enviada por enviada em 21 de março de 2011 por Roberto Prisco Ramos, da Braskem, uma sociedade da construtora com a Petrobras, para Marcelo Odebrecht. Nela, ele relata uma conversa com uma pessoa de nome André. ;Falei com o André em um sobre-preço no contrato de operação da ordem de $20-25000/dia (por sonda);, inicia Prisco.
Ele menciona fazer uma espécie de parceria com as empreiteiras UTC e OAS, ambas investigadas na Lava-Jato, a fim de evitar ;futuros concorrentes; e ;aventureiros;, como as concorrentes Schain e Etesco. ;Acho que temos que pensar bem em como envolver a UTC e OAS, para que eles não venham a se tornar futuros concorrentes na área de afretamento e operação de sondas. Já temos muitos brasileiros ;aventureiros; neste assunto (Schahim, Etesco...).;
[SAIBAMAIS]O documento foi aprendido em 14 de novembro do ano passado, quando o juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro ; época em que ele autorizou buscas no escritório da Odebrecht no Rio de Janeiro, mas negou a prisão dos executivos Márcio Faria e Rogério Araújo, solicitada pelo Ministério Público. Agora, com o pedido feito também pela Polícia Federal e com alguns documentos analisados pelos investigadores, Sérgio Moro determinou a prisão dos dois executivos, do presidente da construtora e outros diretores da empresa.
Segundo o juiz, o email de Prisco para Marcelo Odebrecht mostra que o fato merece investigação mais profunda. ;Essa mensagem eletrônica também corrobora as declarações dos criminosos colaboradores quanto à prática de crimes na relação entre a Odebrecht e a Petrobrás;, afirmou Moro.
Para o juiz, Marcelo Odebrecht e o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, também preso hoje, tinham algum conhecimento do esquema de desvios de dinheiro da Petrobras. ;Considerando a duração do esquema criminoso, pelo menos desde 2004, a dimensão bilionária dos contratos obtidos com os crimes junto a Petrobrás e o valor milionário das propinas pagas aos dirigentes da Petrobrás, parece inviável que ele fosse desconhecido dos Presidentes das duas empreiteiras, Marcelo Bahia Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo.;
No caso de Azevedo, há uma transação financeira entre ele e o lobista Fernado ;Baiano; Soares, que foi indicado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa como operador da empreiteira nos esquemas de desvios na petroleira. Em 11 de outubro, a empresa de Baiano pagou R$ 500 mil ao presidente da AG. ;O propósito dessa transação seria, segundo declarado por Fernando Soares, o pagamento de uma lancha adquirida de Otávio Marques;, disse Moro. ;Embora o fato esteja ainda carente de melhor comprovação, ele, mesmo se verdadeiro, indicaria mais uma ligação entre o referido operador e a empreiteira.;