A caminhada está perto do fim. A marcha que pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff deve chegar ao Distrito Federal amanhã. O grupo, que entregará um pedido de impedimento da petista ao Congresso na quarta-feira, faz questão de ressaltar que a ação do movimento ;não se esgota; com a saída ou não da presidente. ;Temos propostas para melhorar a vida das pessoas;, disse ao Correio um porta-voz do grupo, pouco antes de chegar à cidade de Abadiânia (GO).
Segundo o paulistano Renan Santos, 31 anos, o programa do Movimento Brasil Livre, que organiza a marcha, não se extingue com um eventual impeachment de Dilma. ;O MBL é um movimento ideológico. Nós temos propostas a apresentar para o país, concretizando-se ou não a saída de Dilma. Nós defendemos a redução da máquina do Estado, a privatização das empresas públicas, o fim do monopólio estatal em áreas como petróleo, gás e correios. Isso tudo pode melhorar a vida das pessoas;, diz ele. ;Na educação, por exemplo, nós defendemos que se deem vouchers para pessoas pobres poderem estudar em escolas privadas. Porque o custo por aluno de uma escola pública é, geralmente, muito maior que em uma escola privada;, diz.
O servidor público Adolfo Sachsida, um dos organizadores dos protestos em Brasília, diz que o pedido de impeachment do grupo já recebeu cerca de 2 milhões de adesões, em um site de petições na internet. ;São três fatos que fundamentam o pedido. Primeiro, as chamadas ;pedaladas fiscais; acusadas pelo Tribunal de Contas da União. Depois, a negligência dela no episódio da refinaria de Pasadena, quando ela presidia o Conselho de Administração da Petrobras. E, por fim, a alteração que ela promoveu na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em dezembro passado;, contou ele. ;Temos um grupo de juristas ligados ao movimento, que foram responsáveis por esse texto;, disse.
Insolação
Santos também disse que as declarações dadas na quarta-feira pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que disse que o impeachment de Dilma ;não é agenda para agora; repercutiram mal entre os participantes da marcha, cerca de 30 pessoas. ;É uma posição desmobilizadora, que deixa as pessoas órfãs de liderança política. E pior, ajuda a tirar a fé das pessoas na ação política. É por isso que temos essas pessoas pedindo uma intervenção militar. Quando elas não veem mais uma saída na política, adotam discursos irresponsáveis;, disse. Santos elogiou a atuação de parlamentares tucanos como Bruno Araújo (PE), Izalci (DF) e o líder da bancada, Carlos Sampaio (SP). ;Espero que eles nos recebam;, disse.
Segundo Renan, o grupo, que começou a caminhada em São Paulo em 24 de abril, enfrentou dificuldades com as altas temperaturas registradas no interior goiano. ;Algumas pessoas tiveram febre à noite, em decorrência da insolação. Outras tiveram problemas gástricos. O calor dificultou um pouco a caminhada;, contou. ;As pessoas não comem tanto pequi como se diz, aqui em Goiás. Teve uma galinhada que nós tivemos de pedir para adicionar o pequi;, contou ele. Ele disse ainda que a guariroba, ou palmito-amargo, fez sucesso entre os ativistas. ;Goiás está blindado contra o PT. Principalmente no interior, percebemos que as pessoas cultivam valores muito corretos;, disse.