A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras na Câmara recebeu hoje (27) explicações da diretoria da empresa sobre o balanço financeiro da estatal, na sede da companhia, no Rio de Janeiro. Divulgado semana passada, o documento revelou um prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014, sendo R$ 6 bilhões somente com a corrupção.
Ao deixar a empresa, o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT/RJ), admitiu que a fórmula para chegar às perdas com a corrupção foram "construídas mais politicamente do que tecnicamente", entre a estatal e a empresa estrangeira que fez a auditoria nas contas, a PriceWaterhouseCoopers.
Leia mais notícias em Política
"A Petrobras estabeleceu um percentual de 3% sobre o volume de contratos investigados na Operação Lava-Jato. Construiu-se muito mais um acordo do que uma apuração, porque não tinha como chegar a valores, uma vez que não estão na contabilidade", explicou.
A justificativa, no entanto, não convenceu os membros da oposição na CPI. O deputado Otávio Leite (PSDB/RJ) disse que vai protocolar ainda hoje um pedido para que a comissão parlamentar faça uma auditoria das contas da estatal, o que seria uma "auditoria da auditoria". Para ele, não está claro como a Petrobras calculou os prejuízos do ano passado.
" A ex-presidente [Graça Foster] anunciou que havia uma projeção de deficit de R$ 88 bilhões, passados dois meses, o prejuízo é 21 bilhões?", questionou. "É preciso encontrar razões pelas quais se chegou a esse valor, uma diminuição abrupta".
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB/PB), que também participou da visita, disse que o balanço foi um dos temas da visita, mas que a companhia tambem apresentou medidas para impedir novos "desvio e investimentos errados", com novas práticas de governança. "A Petrobras garantiu que terá ;tolerância zero; com funcionários que venham a não cumprir com suas obrigações, do mais alto ao mais baixo escalão;, disse.
Para Motta, o balanço, aprovado pelo Conselho de Administração e pela auditoria internacional é página virada. "Discordância sobre os números sempre vão acontecer. À CPI, nos restou aprofundar sobre a veracidade dos dados. Como acreditamos que o balanço é verdadeiro, debatemos sobre os números apresentados e demonstramos preocupação no que aquilo que a empresa não obteve, como lucro, e defendemos mudancas de procedimentos [para evitar contratos superfaturados e prejuizos]", declarou.