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Vaccari diz que nunca recebeu dinheiro de Youssef e que doleiro mentiu

Deputado negou ter recebido recursos de Youssef ou de Pedro Barusco, e se colocou à disposição para acareações com os dois delatores

Em depoimento à CPI da Petrobras no fim da manhã desta quinta-feira (9/4), o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, negou ter recebido qualquer recurso do doleiro Alberto Youssef e do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Em depoimentos à força-tarefa da operação Lava Jato, os dois disseram ter pago propina a Vaccari e ao PT, por meio dele. Vaccari também se colocou à disposição para participar de acareações com os dois delatores. Respondendo a perguntas do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), Vaccari admitiu ter se encontrado com empresários investigados, mas apenas para pedir doações oficiais ao PT.

Vaccari repetiu diversas vezes que as declarações de Youssef na delação premiada, em relação a ele, são falsas. ;Não tratei de assuntos financeiros do PT ou qualquer assunto financeiro com ele, porque eu não tenho conhecimento ou intimidade com ele;, disse Vaccari. ;Eu quero dizer aos senhores que os termos da delação premiada dele, no que se refere à minha pessoa, não são verdadeiros;, disse. Ele admitiu, porém, ter ido ao prédio onde ficavam as empresas de Youssef. ;Eu estive uma única vez na empresa de Youssef, na qual ele me convidou. Ele não estava e eu fui embora. Foram quatro minutos ao todo. Está lá na investigação da Lava Jato;, disse.

Vaccari também atribuiu os pagamentos feitos à esposa dele por Claudio Mente, da empresa CSA Project, a um empréstimo para a compra da casa onde ele vive hoje. ;Não houve qualquer irregularidade nesse processo. Foi um empréstimo mútuo, que foi feito em 2009 e pago logo adiante;, disse. Segundo um auxiliar de Youssef, os pagamentos feitos através da CSA e de Mente seriam, na realidade, pagamento de propina.

"Habeas Corpus de Pinóquio"

Ontem, a defesa de Vaccari obteve um habeas corpus assinado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, garantindo-o o direito de não depor na condição de testemunha. Entre outros direitos, o habeas corpus isenta Vaccari de assinar um termo de compromisso usual em CPIs, no qual o depoente se compromete a dizer apenas a verdade. Graças ao habeas corpus, Vaccari também poderá depor acompanhado do advogado, com quem poderá se comunicar ao longo do depoimento. Ele também poderá permanecer calado, para não produzir provas contra si mesmo. No despacho, Zavascki alegou que o tesoureiro não poderia depôr como testemunha por já ser investigado em uma ação penal na Justiça. O deputado André Moura (PSC-SE) apelidou o habeas corpus de ;Pinóquio;.

Depoimento começa com confusão

O depoimento de Vaccari começou de forma tumultuada no fim da manhã desta quinta (09). Uma pessoa acabou detida pela Polícia Legislativa depois de soltar um par de ratos no auditório onde ocorre o depoimento. Depois de muita gritaria, alguns deputados do PT chegaram a sugerir que o depoimento fosse cancelado. Antes do início do depoimento, ativistas que militam pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff distribuíram no plenário da CPI. Um deles mostra o rosto de Vaccari no corpo de uma mulher idosa, numa referência à fala da presidente Dilma de que a corrupção ;É uma senhora idosa; no país.