O vice-presidente da República, Michel Temer, voltou a defender hoje (16/3) o voto majoritário para vereadores, deputados estaduais e federais, o chamado "distritão", durante palestra na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Ele disse que será difícil eliminar o financiamento empresarial de campanhas políticas, como defendem setores da sociedade. Para ele, o financiamento é uma ;contribuição do exercício da cidadania;.
Na avaliação de Temer, o voto proporcional, que leva em consideração os votos obtidos por cada candidato e o conjunto de votos recebidos pelo partido, como é feito hoje, obriga as legendas a procurarem pessoas com potencial de alavancar votos, em detrimento da afinidade ideológica. Com o voto majoritário, no qual ganha, de fato, o candidato mais votado, ele acredita que a representatividade nas câmaras será mais justa e democrática.
;Muitas vezes, no Congresso Nacional, tivemos experiências, em face do coeficiente eleitoral (usado no cálculo das eleições proporcionais), em São Paulo, por exemplo, em que [o coeficiente eleitoral] é de 300 mil votos e o partido que faz 900 mil votos elege três deputados. Ou seja, se um candidato fizer 900 mil votos, outros dois serão eleitos, mesmo que tenham um voto cada um;, esclareceu. ;Não estou exagerando;, acrescentou ;já teve caso em que um deputado obteve 1,6 mil votos e levou consigo [para o Congresso] cinco deputados, um deles com 285 mil votos;.
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O voto majoritário, no entanto, é criticado por setores da sociedade. A explicação é que poderia encarecer as campanhas, favorecer candidatos mais ricos e as celebridades, além de enfraquecer os partidos políticos, apesar da obrigatoriedade da fidelidade partidária, como defende Temer.
;Tenho tranquilidade para reconhecer que a medida reduz o número de partidos, mas convenhamos, a ideia de partido é a ideia de parte, uma parcela da opinião pública que quer chegar ao poder. Aí, eu pergunto: será que temos 32 correntes de opinião pública? Acredito que não;, declarou.
Defendendo a reforma política como atribuição do Congresso Nacional, o vice-presidente vê dificuldade para acabar com o fim do financiamento privado das campanhas, mas defende que as empresas, nas eleições majoritárias, escolham apenas um candidato. ;A empresa, quando vai doar, está exercendo a cidadania. Ao fazê-lo, deve fazer uma opção: opto pela candidatura tal. Nos cargos proporcionais, não, com certeza, doará para muitos;, explicou.
Temer defendeu que as eleições municipais coincidam com as eleições para presidente e para os representantes no Congresso Nacional, contando que haja aumento do tempo de mandado dos atuais quatro para cinco ou seis anos.