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Profissionalização dos protestos: páginas têm tratamento sofisticado

"Trata-se, certamente, de conteúdo profissional. É possível notar, por exemplo, uma direção de arte nas peças veiculadas, uma preocupação com a logo da marca e com a qualidade das pautas", explica especialista em mídias digitais

Depois da temporada de protestos iniciada em junho de 2013, que se estendeu até a Copa do Mundo do ano passado, não foram só as autoridades que acabaram forçadas a dar atenção especial às manifestações: a estrutura de organização dos atos ficou cada vez mais sofisticada. As redes sociais ; incluindo aplicativos de troca de mensagens em smartphones ; são o principal meio de chamamento, e muitas dessas páginas são feitas por profissionais, com custo financeiro. Assim nasceu o panelaço contra o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff do último domingo. E, pelas redes sociais, pessoas foram convocadas para os atos deste domingo (15/3).

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São vários os grupos digitais envolvidos na divulgação dos protestos contra o governo, com propostas distintas. Entre eles, destaca-se o Movimento Brasil Livre (MBL), comandado pelo estudante Kim Kataguiri, 19 anos, e Renan Henrique Santos, 31. Um dos responsáveis pela divulgação dos protestos de domingo, o grupo espera movimentar 1 milhão de pessoas por todo o país para pedir o impeachment da presidente. ;Fomos um dos grupos que organizaram o panelaço e convocamos o povo para o dia 15, além de definirmos a pauta;, afirma Kataguiri.

O estudante defende o impedimento da presidente com base nos atos de corrupção. ;Possuímos base jurídica para pedir o afastamento da presidente, afinal, o petrolão não é nada menos do que a compra de votos do Legislativo a favor do Executivo;, completa. Mais moderado que o MBL é o Vem pra Rua, cujo porta-voz é o empresário Rogério Chequer, 46 anos. O grupo também convocou pessoas para protestar amanhã, mas, em vez do impeachment, a principal bandeira é a diminuição do tamanho do Estado, ;deixando ao empreendedorismo e à livre iniciativa a capacidade de gerar riquezas;. Nas redes sociais, o Vem pra Rua pede à população para acompanhar os protestos de domingo, mas ressalta não acreditar que haja embasamento jurídico para tirar a presidente do cargo no atual momento.

São, no entanto, muitas as semelhanças entre ambas as iniciativas. A pedido do Correio, o especialista em mídias digitais Vilton Brito analisou o conteúdo das páginas dos dois grupos nas redes sociais. ;Trata-se, certamente, de conteúdo profissional. É possível notar, por exemplo, uma direção de arte nas peças veiculadas, uma preocupação com a logo da marca e com a qualidade das pautas tratadas, além do lançamento de conteúdo nos horários de maior verificação;, esclarece. O analista calcula que, se forem seguidos os valores da Associação Paulista das Agências Digitais (APADi), as páginas teriam um custo inicial de pelo menos R$ 20 mil, e o mesmo valor para a manutenção do conteúdo. ;Em geral, esses grupos têm a estratégia de se passar por membros comuns da população, mas, certamente, não é o caso dessas páginas;, revela.


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