Em uma lista com os nomes de 8.687 brasileiros que foram correntistas do banco HSBC em Genebra, ao menos 23 são suspeitos de envolvimento em escândalos de corrupção milionários no Brasil. Eles são personagens de dez casos de suspeita de desvio de dinheiro público ou fraudes em instituições financeiras, incluindo o caso Alstom e a operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que investiga um grande esquema de corrupção na Petrobras. As contas secretas ficaram conhecidas no mundo como o caso ;SwissLeaks; (vazamentos na Suíça). As informações são d;O Globo e do portal UOL.
No acervo, que contém informações que datam de 2006 e 2007 sobre 106 mil clientes de 203 países, os personagens foram descobertos em consulta a um conjunto de dados vazados em 2008 de uma agência do ;private bank; da sede da instituição financeira em Genebra. Juntos, eles movimentaram valor superior a US$ 100 bilhões. Como as informações vazadas são incompletas, não se sabe precisamente o montante do dinheiro que circulou pelas contas dos 23 brasileiros.
O nome do empresário Henry Hoyer de Carvalho, ex-dirigente da Associação Comercial e Industrial da Barra da Tijuca, aparece na lista de antigos correntistas da instituição bancária. Hoyer foi citado em fevereiro em depoimentos tomados pela Lava-Jato e identificado como o operador do esquema de pagamento de propinas por contratos da Petrobras para parlamentares do PP, de acordo com os delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.
[SAIBAMAIS]No acervo bancário do HSBC também consta nomes de envolvidos no escândalo da suposta formação de cartel para licitações no Metrô de São Paulo e do Distrito Federal e na Companhia Paulistana de Trens e Metrô (CPTM). Dois ex-engenheiros, que foram dirigentes do Metrô, Paulo Celso Mano Moreira da Silva e Ademir Venâncio de Araújo, abriram contas na Suíça na época em que a estatal assinou um controverso contrato com a multinacional francesa Alstom.
Outro caso em destaque na investigação é o que envolve o nome de três personagens-chave de um esquema que ficou marcado como a maior fraude já cometida contra a Previdência Social no Brasil. O juiz Nestor José do Nascimento, o advogado Ilson Escossia da Veiga e o procurador do INSS Tainá de Souza Coelho (os dois últimos já falecidos), também aparecem na lista de clientes do banco. O escândalo, revelado em 1992, causou um rombo de ao menos US$ 310 milhões aos cofres públicos. O grupo transformou pequenas indenizações trabalhistas em quantias vultosas, que eram divididas pelos fraudadores.
A reportagem também cita outros casos de repercussão, cujos nomes de envolvidos estão na lista de clientes do HSBC, como o do banqueiro Ezequiel Nasser, do Excel; correntistas brasileiros que figuram em esquema de fraude em licitações do Ministério da Saúde investigado, entre 2005 e 2011, pelo Ministério Público e PF, nas operações Roupa Suja e Sexta-Feira 13: os empresários Vittorio Tedeschi e Ettore Reginaldo Tedeschi, e os doleiros Henoch Zalcberg, Dario Messer e Rosane Messer, entre outros.