Os contratos bilionários para construção de navios-sondas, firmados entre a Petrobras e a Sete Brasil, saíram com 1% de propina, segundo delação premiada de Pedro Barusco, ex-diretor de Engenharia da petroleira e ex-diretor da Sete-BR, empresa criada para intermediar os navios. Como mostrou o Correio no mês passado, a empresa tem R$ 234 bilhões em contratos com a Petrobras pelos próximos 14 anos para entregar 28 sondas de exploração para o pré-sal.
Mas, segundo Barusco, havia ;uma combinação de pagamento de 1% de propina para os contratos firmados entre a SeteBrasil e cada um dos estaleiros;, que constroem os navios. Mas houve negociações e esse índice foi reduzido para 0,9%.
A maior parte do suborno ficava com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Com ele, ficavam dois terços do negócio, segundo o delator. O resto ficava com o que Barusco chamou de ;casa 1; e ;casa 2;. A primeira ;casa; era a Petrobras, na qual eram beneficiado Com o então diretor de Engenharia da Petrobras Renato Duque e a Roberto Gonçalves, sucessor de Barusco na gerência de Engenharia. A outra ;casa; era a Sete-BR, cuja partilha se dava entre o então presidente João Carlos Ferraz e o então diretor de Participações Eduardo Musa.
Os valores eram pagos por estaleiros com participações das grandes empreiteiras. No Estaleiro Paraguaçu, o responsável pelos pagamentos era Rogério Araújo, da Odebrecht, mas que representava também a UTC, a OAS e a Kaasaki, reunidas em consórcio. No Estaleiro Atlântico Sul, o responsável pelo pagamento era Idelfonso Collares. No Keppel Fels, o operador era Zwi Zcorniky. No Jurong, Guilherme Esteves de Jesus. No Estaleiro Rio Grande, Milton Pascovich.
Barusco diz que a partilha do dinheiro foi complexa por envolver muitas pessoas. Foram abertas contas no exterior para receber os valores. O ex-gerente narra uma viagem par Milão, na Itália, da qual participaram o delator, Duque e o executivo da Toyo Setal Júlio Camargo. O objetivo era abrir contas nos bancos Cramaer e Pierino Lardi.
O jornal ainda não localizou os acusados por Barusco e está tentando contato com a Petrobras e a Sete BR.
A Sete BR surgiu a partir de iniciativa do ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli, que chamou Ferraz, um funcionário da estatal, para comandá-la. A petroleira tem 5% das ações, e as demais estão nas mãos de fundos de pensão, como Previ, Petros, Valia e Funcef, além de bancos, como BTG Pactual, Bradesco e Santander. Para construir as sondas, a empresa apenas se associa a estaleiros, funcionando apenas para ;gerenciar contratos; da Petrobras com os fabricantes das sondas, segundo entrevista que Ferraz concedeu em 2012.
A Odebrecht negou as afirmações de Pedro Barusco. Leia a nota:
"A Odebrecht nega veementemente as alegações caluniosas feitas pelo réu confesso. Nega em especial ter feito qualquer pagamento a qualquer executivo ou ex-executivo da Petrobras. A empresa não participa e nunca participou de nenhum tipo de cartel e reafirma que todos os contratos que mantém, há décadas, com a estatal, foram obtidos por meio de processos de seleção e concorrência que seguiram a legislação vigente"