Jornal Correio Braziliense

Politica

Empresa investigada fechou contrato de R$ 85 milhões com a BR Distribuidora

Delegados e procuradores suspeitam que a empresa pagou propina em troca de informações privilegiadas para obter contratos com subsidiárias da Petrobras

A principal empresa investigada na Operação ;My Way; da Lava-Jato, a Arxo Indústria, fechou contrato de R$ 85 milhões com a BR Distribuidora para fornecer 80 caminhões de abastecimento de aviões. Delegados e procuradores suspeitam que a empresa pagou propina em troca de informações privilegiadas para obter contratos com subsidiárias da Petrobras.


Três pessoas ligadas à Arxo foram alvos de mandados de prisão. Um deles, um sócio, está no exterior. Os outros dois serão levados a Curitiba. A Polícia Federal ainda procura um operador do Rio de Janeiro, cujo mandado de prisão preventiva ainda não foi cumprido.

[SAIBAMAIS]Segundo o procurador regional da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, esse operador atuava nas duas pontas do esquema investigado. Para a Arxo, que fechou negócio com a BR, e também para outros casos de propina envolvendo negócios com a Diretoria de Engenharia e Serviços, que era comandada por Renato Duque ; apelidado de ;My Way; por seu subordinado Pedro Barusco, que fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público e se comprometeu a devolver US$ 97 milhões desviados.

Auditores da Receita Federal participaram junto com a PF da ação de busca na Arxo, cuja sede funciona em Pirraças, em Santa Catarina. O objetivo é apurar eventuais irregularidades fiscais na empresa. Em nota à imprensa, a Arxo diz que o setor administrativo suspendeu suas atividades para ;prestar informações solicitadas pela Receita e Polícia Federal;. ;A intenção da empresa é contribuir com o trabalho das autoridades, ajudando-os com todo e qualquer esclarecimento necessário.; A fábrica continua em atividades normais.

O contrato da Arxo com a Petrobras foi fechado em outubro passado. O negócio foi considerado ;histórico; para a companhia, segundo informou à época o diretor comercial e de marketing da Arxo, Cidemar Dalla Zen. Com o contrato, a expectativa é de que o faturamento da empresa ultrapasse os R$200 milhões neste ano. As primeiras entregas de caminhões-tanque (chamados de CTAs) estavam previstas para este mês.

A reportagem tentou contato com a Arxo em Piçarras e em seu escritório comercial em São Paulo, mas não localizou representantes que pudessem dar mais esclarecimentos.