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Eduardo Cunha faz discurso conciliador ao vencer eleição na Câmara

Novo presidente da Câmara destacou que as disputas se encerram na hora da apuração, e que a disputa é "episódio virado"

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) adotou tom conciliador no primeiro discurso que fez após ser eleito presidente da Câmara dos Deputados. Mesmo reclamando de suposta ;interferência; do Planalto durante a campanha, Cunha frisou que ;As disputas se encerram na hora da apuração;, e que ;não há da nossa parte nenhum julgo de retaliação ou qualquer coisa dessa natureza;. O tom é necessário para amenizar a crise aberta com o Palácio do Planalto, que vê o carioca com maus olhos desde a rebelião do ;blocão;, liderada por ele em março passado. Cunha fez um discurso breve, de cerca de 3 minutos. Ele foi eleito em 1; turno com 267 votos, ante 136 de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Júlio Delgado (PSB-MG) obteve 100 votos.

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;Nós falamos que não seríamos oposição, e falamos também que não seríamos submissos, e não seremos. E o governo sempre terá, pela sua legitimidade, a governabilidade que a sua maioria poderá dar, no momento em que ela for exercida, se for exercida;, disse Cunha. O discurso da vitória foi acompanhado por chuva de papel picado lançado das galerias e queima de rojões na Esplanada. Cunha prometeu ainda por em votação o 2; turno da PEC do Impositivo, que obriga o governo a empenhar as emendas individuais dos parlamentares, e disse que a reforma política está na pauta.

[SAIBAMAIS]Leia abaixo os principais trechos do discurso de Cunha:


"As disputas se encerram na hora da apuração e nós somos deputados iguais. Representamos a sociedade, cada um seu naco da sociedade, e todos temos os mesmos direitos, todos temos que exercer essa representação da forma mais digna possível. Eu quero cumprimentar a todos os parlamentares que assumiram hoje para essa legislatura, para que possa exercer o seu trabalho da forma mais profícua possível (...)"

"Nós falamos que não seríamos oposição, e falamos também que não seríamos submissos, e não seremos. E o governo sempre terá, pela sua legitimidade, a governabilidade que a sua maioria poderá dar, no momento em que ela for exercida, se for exercida. Então, há aqui uma palavra de serenidade, de tranquilidade. E não há da nossa parte nenhum julgo de retaliação ou qualquer coisa dessa natureza. Nós assistimos uma tentativa de interferência do poder executivo, ou de parte dele, dentro da eleição do poder legislativo. Mas, o parlamento, pela sua independência, ele sabe reagir. E ele reagiu no voto, na escolha (...)"

"Passada a disputa, esse é um episódio virado. Não temos que fazer disso uma batalha, ou deixar qualquer tipo de sequela com esse tipo de atitude. O que nós temos que fazer, sim, é começar a trabalhar. Porque todos vocês vieram aqui para isso. E nós vamos imprimir o ritmo que vocês quiserem e que vocês precisam (...)"

"Nós estaremos sempre prontos e de portas abertas para o debate, e eu só tenho que agradecer a todos vocês pela campanha, que foi uma campanha que permitiu que a gente debatesse o Brasil, que nós conhecessemos muitas coisas da realidade do nosso país e que nós possamos aqui discutir dois pontos fundamentais que todos pensam e falam que vão fazer: a reforma política e o pacto federativo. Muito obrigado a todos vocês (...).