Jornal Correio Braziliense

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Planalto e estados divergem sobre responsabilidade da crise da água

Enquanto Dilma diz que a responsabilidade da seca é dos estados, governadores apelam para que os consumidores economizem água

Sem obras de infraestrutura concluídas e com a escassez de chuvas nos reservatórios, a resposta imediata que tanto o governo federal quanto os Executivos estaduais encontraram para solucionar a crise hídrica é tentar mudar o comportamento da população ; além de rezar para que o clima colabore. Para que não falte água nas residências, nos comércios, nas indústrias, no campo e nas repartições públicas, será preciso que os moradores da Região Sudeste fechem a torneira. Nessa conta, o Planalto diz que depende dos estados para agir, e os governadores repassam o problema adiante. Em Minas Gerais, por exemplo, a economia que cada consumidor terá de fazer é de pelo menos 30% da média do que foi gasto em 2014. Ontem, após reunião com a presidente Dilma Rousseff, os governadores de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), e do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), admitiram que medidas ainda mais drásticas poderão ser tomadas.

Pimentel descreve a situação da região metropolitana de Belo Horizonte e do norte do estado como ;grave;. ;Se não chover, se o consumo não cair, se a vazão não aumentar e se não conseguirmos mais captação, em três meses, vamos ter que racionar severamente;, alertou. Apesar de precisar superar esses condicionantes, a expectativa do governador é otimista. ;Claro que vai chover, que nós vamos ter que aumentar um pouco a vazão, mesmo sem essa obra, e o consumo vai cair. Nós colocamos o percentual de 30% porque essa é uma meta factível, que nos permite atravessar o ano sem medidas mais drásticas, mas, se isso não acontecer, vamos ter que adotar rodízio e racionamento;, completou.

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[SAIBAMAIS]De imediato, além da campanha de conscientização, o governo mineiro diz que vai adotar uma sobretaxa para os consumidores que ultrapassem a média do que foi gasto no ano passado. ;Se essa campanha não for suficiente, nós vamos para o rodízio. Se não for suficiente, vamos para o racionamento. Infelizmente, esta é a realidade;, enfatizou Pimentel. Segundo ele, o alerta foi dado no ano passado, quando o nível dos reservatórios que abastecem a região metropolitana de Belo Horizonte caiu de 70% para 30%. ;Foi uma redução muito acentuada, a curva foi declinante ao longo dos 12 meses de 2014. Essa situação, portanto, já podia ter sido detectada em meados do ano passado;, afirmou, alfinetando a gestão passada.

Medidas ;drásticas; também poderão ser adotadas no Rio. Mas o governador, Luiz Fernando Pezão, disse que vai ;torcer muito para que comece a chover;. ;Neste momento, a gente não quer tomar nenhuma dessas medidas. O período de chuvas vai até maio. Se não chover o suficiente, vamos tomar outras medidas;, admitiu. ;Vamos fazer uma grande campanha para que as pessoas poupem, para não esbanjarem. Há diversas medidas que estamos estudando;, acrescentou, sem detalhar as iniciativas.

Os governadores foram convocados por Dilma para discutir soluções. Pimentel pediu ajuda no projeto de captação de água do Rio Paraopeba para o Rio Manso, que ele espera que fique pronto até novembro (veja quadro). De acordo com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o governo federal estuda a melhor forma de apoiar a iniciativa. Pode ser por inclusão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como ocorreu em São Paulo, com o Rio Parnaíba do Sul, ou por parceria-público-privada. O governador de Minas estima que o valor a ser investido no setor não ultrapasse R$ 1 bilhão. Já o governador do Rio diz que o estado se encontra em situação ;um pouco melhor; e que tem feito obras de captação nos últimos dois anos.

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