Ao traçar o ministério para o segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff deixou o critério técnico em segundo plano e montou uma Esplanada à feição da base aliada. Das 39 pastas, apenas 12 entraram na cota pessoal da chefe do Executivo. As outras 27 foram distribuídas, com orçamentos totais de R$ 393,36 bilhões, entre os 355 parlamentares que apoiarão a presidente. Na ponta do lápis, significa que a essa base de apoio custará R$ 1,10 bilhão por congressista ao longo do ano, fora o valor gasto com as emendas ao Orçamento.
Proporcionalmente, os apoios mais caros são os do Pros, com seus 11 deputados. Isso porque a legenda assumiu o Ministério da Educação com Cid Gomes, ex-governador do Ceará. O orçamento total do MEC é de R$ 101 bilhões, o que significa R$ 9,2 bilhões pelos votos de cada um dos parlamentares do Pros. A legenda, contudo, não sabe se comemora ou se fica desconfiada. Cid, que foi um dos idealizadores do novo partido há pouco mais de um ano, tenta hoje se desvencilhar da legenda. ;Eu fui escolhido na cota pessoal da presidente, não por conta do Pros;, disse o ex-governador do Ceará.
Por ter o maior número de pastas ; 13 ; o PT, naturalmente, administra o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios, com R$ 297,4 bilhões de recursos. Isso significa que cada petista no Congresso custará R$ 3,62 bilhões. Mesmo assim, correligionários da presidente Dilma, sobretudo aqueles incluídos na principal tendência do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB), se sentem alijados do núcleo do poder palaciano.
Um cacique petista rebate o choro da CNB. ;Qual é uma das principais lideranças deles? O prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho, padrinho do ministro da Saúde, Arthur Chioro. Pergunte a ele se está irritado com a falta de dinheiro para administrar?;, questionou o petista, lembrando que o orçamento da pasta para 2015 é de R$ 109 bilhões. ;A presidente Dilma montou um ministério para atender os aliados. E lembrar a todos, em cada votação, que são da base de apoio ao governo;, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
A substituição do PCdoB do Ministério do Esporte pegou muitas pessoas de surpresa, inclusive no governo. Aldo Rebelo deixou a pasta e foi transferido para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Mesmo com as Olimpíadas do Rio 2016 às vésperas de serem realizadas, a troca não foi ruim para os comunistas. Além de ter novos cargos para serem preenchidos, a vantagem orçamentária é gritante. O novo ministério tem um orçamento prevista para 2015 de R$ 9,73 bilhões. Como o PCdoB tem 10 deputados e um senador, são 884 milhões por voto no Congresso.
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