Fiel à tradição, Dilma, 67, vestindo saia e blusa rendada na cor creme, embarcou em um Rolls-Royce conversível de 1952 e percorreu sorridente, ao lado da filha, Paula, o trajeto da Esplanada dos Ministérios até o Congresso, onde prestará juramento.
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"Hoje, estou muito mais forte, mais serena, mais madura para a tarefa que vocês me delegaram", disse a presidente, do Partido dos Trabalhadores (PT), em seu discurso de vitória. Uma coalizão de nove partidos garantirá a maioria no Congresso.
No entanto, a primeira mulher a governar o país, de mais de 200 milhões de habitantes, segundo produtor mundial de alimentos e com enormes reservas petrolíferas, começa o governo tendo boa parte do país contra si, com uma popularidade mais baixa (de 79% em 2011 contra 52% em 2014) e uma perspectiva sombria para a economia.
Dilma precisará lidar de cara com o escândalo da Petrobras. A empresa está no centro de um esquema de corrupção que envolve um cartel das grandes construtoras do país, que pagavam subornos milionários em troca de contratos.
Trinta e nove pessoas estão sendo processadas pela justiça, e vários políticos aliados do governo podem ter o mesmo destino. A polícia estima que a rede de corrupção movimentou 4 bilhões de dólares na última década. "Vou investigar doa a quem doer, não vai sobrar pedra sobre pedra", prometeu a presidente.
No entanto, decidiu manter à frente da Petrobras Graça Foster, muito próxima a ela, apesar dos pedidos da imprensa e da oposição a favor de uma mudança no comando da empresa.
"Ela vai ter que lidar com tudo (...) com o escândalo de corrupção na Petrobras. E isso faz parte de outro problema, que é o de tentar restaurar a confiança no Brasil, tanto dos empresários nacionais quanto internacionais", disse à AFP David Fleischer, cientista político da Universidade Nacional de Brasília (UNB).
O outro desafio
Milhares de simpatizantes do PT, vestidos de vermelho, saudaram com bandeiras e gritos de "Viva" a passagem da presidente.
"Dilma protegeu a classe pobre, a classe trabalhadora (...) O que esperamos do próximo governo é que assuma o compromisso de beneficiar os menos favorecidos", disse Vandeonor Ferreira, de 60 anos, e que viajou do Mato Grosso do Sul para acompanhar a cerimônia de posse.
Durante seu primeiro governo, marcado por grandes manifestações em 2013 contra a corrupção da classe política e os elevados gastos públicos na Copa do Mundo de futebol, a economia sofreu uma grande deterioração, ao passar de um crescimento de 7,5% do PIB em 2010 a uma previsão próxima de zero em 2014, em meio à desaceleração mundial.
Em 2011 a atividade cresceu 2,7%, em 2012 1% e em 2013 2,5%. Em 2015, os mercados esperam uma leve alta de 0,5%, enquanto a inflação fechou em novembro a 6,56%, acima da meta oficial de 4,5%.
"Nós vamos organizar a casa e nos preparar para a retomada do crescimento", disse a presidente.
O vice-presidente americano, Joe Biden, e presidentes latino-americanos, entre eles o da Venezuela, Nicolás Maduro, a do Chile, Michelle Bachelet, e o do Uruguai, José Mujica, assistem à cerimônia.