Candidato à presidência da Câmara dos Deputados, o vice-líder do PMDB na Casa, deputado Eduardo Cunha (RJ) disse nesta sexta-feira (19/12) que devem ser vistos com cautela os nomes de partidos e de políticos mencionados em depoimentos da Operação Lava-Jato.
"[Os nomes] estão citados sem contexto. Tem que se mostrar em que contexto estão sendo citados, qual o tipo de citação, se é acusação, até para dar, a quem for citado ou acusado, o direito à defesa", disse, durante lançamento da candidatura no Rio de Janeiro. "Nâo me cabe fazer qualquer tipo de comentário nem julgamento prévio", ressaltou, cauteloso.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa listou, em delação premiada, oito nomes do PMDB, envolvidos no esquema de fraudes na Petrobras, como o dos presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Eduardo Alves (RN) e Renan Calheiros (AL), respectivamente. Paulo Roberto citou, ao todo, dez nomes do PP, oito do PT, um do PSB e um do PSDB, sendo sete senadores e 11 deputados federais.
Perguntado se defenderia a cassação do mandato dos políticos com participação comprovada no esquema, Cunha esclareceu que o presidente da Câmara não tem esse papel. "Para cassar alguém, há um rito regimental", declarou, lembrando que o processo passa pelo Conselho de Ética e por votação no plenário.
"Nâo tem questão de pessoalmente (opinião pessoal). Eu tenho que me expressar como candidato à presidência da Câmara, não posso aqui confundir o papel que vou exercer com minha posição de deputado", acrescentou.
A lista do ex-diretor da Petrobras inclui também ex-governadores como Sérgio Cabral (PMDB-RJ), sucedido por Luiz Eduardo Pezão (PMDB), que foi vice-governador nas duas gestões de Cabral e eleito, em outubro último, para o Executivo fluminense, de 2015 a 2018.
Presente à cerimônia, Pezão também disse que é preciso "ter tranquilidade" com a divulgação dos nomes. "As pessoas citam os nomes das outras (...) Procurei ler a matéria e ela não fala em valores, quantias. Então, temos que tomar cuidado e dar o direito de as pessoas se defenderem", avaliou.
"Estive sete ano e quatro meses ao lado do Sérgio [Cabral], e em nenhum momento vi pedido de indicação para a diretoria da Petrobras ou de presidência. Então, tem que ter tranquilidade", completou.
O jornal O Estado de S.Paulo, que obteve os nomes da delação premiada com exclusividade, também menciona, entre os envolvidos, o governador reeleito do Acre, Tião Viana (PT), a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), já falecido.
Na delação, Paulo Roberto Costa diz que pessoas recebiam repasses de cerca de R$ 1 milhão, com frequência, e que o dinheiro foi usado nas campanhas.
Além de políticos do PMDB fluminense, também participaram do lançamento da campanha de Eduardo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados a líder do PTB, Cristiane Brasil; do PSC; Pastor Everaldo, e o senador Francisco Dornelles (PP), em fim da mandato.