Emocionada, a presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (10/12), ao receber o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), no Palácio do Planalto, que tem certeza que os trabalhos produzidos pela comissão são um estímulo a reconciliação do país com sua história, por meio da verdade e do reconhecimento. Ao falar sobre os amigos, a presidente chorou.
"Nós reconquistamos a democracia a nossa maneira, por meio de lutas duras e sacrifícios humanos irreparáveis. Assim como respeitamos e reconhecemos todos que lutaram pela democracia", disse. "Nós jamais podemos deixar de enaltecer esses lutadores e lutadoras, reconhecemos e valorizamos os atos políticos que nos levaram à redemocratização", emendou.
Segundo ela, o governo federal vai se debruçar sobre o relatório, olhar as reivindicações e propostas da comissão e tratar de todas as consequências necessárias. Para ela, o relatório encerra uma etapa, mas dá início a outra. "Demarca um novo tempo. A apresentação simultânea ao governo e à sociedade brasileira evidencia a autonomia, assegurada pela legislação, com que a CNV atuou. Por isso, seu trabalho tem que ser considerado por todas entidades e não só pelo estado brasileiro", disse.
Ela frisou que o país tem direito à verdade, que esse conhecimento consolida a democracia brasileira e dá aos jovens o conhecimento de sua história verdadeira, que foi negado nos últimos anos. A expectativa dela é que o relatório contribua para que o "fantasma do passado doloroso e triste não possa mais se esconder na omissão".
Ex-presa política, a presidente Dilma Rousseff foi uma das pessoas que lutou na ditadura. Ela integrou os quadros do Colina e do VAR-Palmares. Já presidente, em 2012, ela sanciou a lei que criou a CNV. A comissão foi instaurada com o objetivo de apurar e esclarecer as violações aos direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988.