O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já produziu mais de 3 mil relatórios sobre movimentações com indícios de lavagem de dinheiro em 2014. De acordo com o presidente do conselho, Antonio Gustavo Rodrigues, o número é o maior registrado desde a criação do órgão, em 1998.
Antônio Gustavo Rodrigues participou nesta sexta-feira (5/12) do 1; Seminário Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro, no Rio de Janeiro, e contou que, nos 12 anos em que está à frente do órgão, aumentou a comunicação com outras instituições: "A única pessoa que recebia [os relatórios] era o procurador-geral da República. Comecei a mandar para os procuradores federais regionais, para a Polícia Federal e para o Ministério Público", disse ele, ao afirmar que a troca de informações criou "uma cultura para tratar do tema".
No ano passado, o Coaf produziu 2.450 relatórios. Esses documentos são elaborados a partir de comunicações suspeitas ou automáticas enviadas por bancos, instituições financeiras e outros órgãos. As comunicações, explica Rodrigues, são feitas automaticamente por envolverem valores elevados, ou por suspeita das instituições, quando a quantia ultrapassar a capacidade econômica dos envolvidos, por exemplo.
Muitas comunicações podem ser reunidas em um único relatório, e muitos relatórios podem dar origem a uma única investigação, afirmou o presidente do Coaf, que usou como exemplo a Operação Lava Jato, para a qual foram produzidos 108 relatórios. O papel do Coaf, no entanto, não é o de investigar, mas de fornecer informações aos órgãos, que investigam para saber se de fato há suspeitas e crimes: "Nosso papel é alertar, levantar a bola e chamar a atenção", enfatizou Rodrigues.
Em 2014, o Coaf recebeu cerca de 777 mil comunicações, e cerca de 16% fez parte de algum relatório. O número de comunicações caiu nos últimos anos: foram 1,28 milhão em 2013 e 1,587 milhão em 2012. A diminuição, segundo Rodrigues, ocorre porque o sistema tem sido aprimorado para não fazer comunicações inúteis.