O empresário Marino José Franz, preso na Operação Terra Prometida por ser, segundo o Ministério Público Federal (MPF), um dos líderes da organização criminosa que movimentou R$ 1 bilhão na comercialização ilegal de lotes da reforma agrária, conseguiu uma mãozinha do governo federal para explorar dois portos e ainda turbinar o escoamento de sua produção de grãos em Mato Grosso. Com articulação do ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB), que teve dois irmãos presos na mesma operação da PF, a Cianport, empresa de Marino Franz, ganhou concessão de 25 anos para operar o terminal do Porto de Miritituba, no Pará. Também assinou contrato de adesão para o Porto de Santana, no Amapá. As concessões, expedidas pela Secretaria de Portos, são prorrogáveis por igual período.
Para investir R$ 370 milhões nos dois terminais, o empresário, que está preso na carceragem da Polícia Federal em Cuiabá, recebeu um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Marino também é dono da Fiagril, uma das maiores produtoras de grãos do Brasil. O anúncio do contrato de adesão da empresa de Marino, a Companhia Norte de Navegação e Portos (Cianport), foi feito pelo ministro em 27 de outubro deste ano em evento realizado na capital de Mato Grosso. O investimento anunciado pelo grupo foi de R$ 250 milhões. Na ocasião, Neri Geller explicou que, no Porto de Santana, R$ 220 milhões seriam aplicados no terminal e os outros R$ 30 milhões na construção de estruturação de silos.
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A Cianport é composta pela Agrosoja de Sorriso, de propriedade de Cláudio Zancanaro, e a Fiagril, com sede em Lucas do Rio Verde. A expectativa é de que o terminal comece a ser explorado em junho de 2015. Inicialmente, a ideia é embarcar 1,8 mil toneladas de grãos anualmente. O terminal que está sendo construído terá capacidade para exportar 4 milhões de toneladas por ano.
Procurado pelo Correio, o Ministério da Agricultura informou que não se pronunciaria sobre o assunto. Até o fechamento desta edição, a Secretaria de Portos não havia respondido ao e-mail do jornal com questionamentos sobre o caso. O Correio tentou entrar em contato com a Cianport, mas não obteve sucesso. Em nota divulgada na sexta-feira, a Polícia Federal destacou que ;o inquérito policial da referida operação não investigou o ministro da Agricultura nos crimes ali apurados;.
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