Alvo de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) por conter indícios graves de superfaturamento e ausência de licitação em contrato de R$ 7,6 bilhões, a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) está ligada a pagamentos milionários de propina a ex-diretores da Petrobras. O parecer do Ministério Público Federal (MPF), que motivou as recentes prisões da operação Lava-Jato, aponta que o executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, relatou que o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque Pedro Barusco, subordinado a Duque na época, e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa pediram suborno para favorecer o consórcio TUC.
[SAIBAMAIS]
O grupo em questão, responsável pela implantação da unidade de hidrogênio do Comperj, é formado pelas empresas Toyo JP, UTC Engenharia e a empreiteira Noberto Odebrecht. Em depoimento, Júlio Camargo afirmou que "para que tal contrato fosse viabilizado, houve a exigência de vantagem indevida pelos diretores Paulo Roberto Costa, Renato Duque e o gerente-excutivo de engenharia Pedro Barusco".
Ele afirma ainda que, apesar de ter fechado a negociação, não foi o responsável direto pelo pagamento do suborno. No entanto, afirmou que os responsáveis pela UTC, Ricardo Pessoa, e Odebretcht, Márcio Farias, ficaram de "efetivar o pagamento de propina". Ele afirma que, como o contrato foi firmado e está em fase final de execução, "tudo levar a crer" que os pagamentos criminosos foram efetivados.
O executivo relatou que a "regra do jogo" era pagar 1% para a área de Abastecimento e mais 1% para a área de Engenharia em cima do valor dos contratos vinculados às respectivas diretorias.